O songbun, como é conhecido esse sistema, divide os cidadãos em três categorias principais: os leais, os hostis e os intermediários. Os leais, também chamados de haeksim, são os privilegiados, descendentes dos que lutaram contra a colonização japonesa e se mantêm fiéis ao regime. Eles desfrutam dos melhores empregos, moram nos locais mais desenvolvidos e têm acesso a educação e serviços de saúde de qualidade.
Já os hostis, ou choktae, são considerados inimigos do Estado, descendentes de classes desfavorecidas como proprietários de terras, comerciantes e religiosos. Eles vivem em condições precárias, têm acesso limitado a alimentos e eletricidade, realizam os trabalhos mais difíceis e são constantemente vigiados pelas autoridades.
No meio dessas duas classes extremas, estão os intermediários, chamados de dongyo, cuja lealdade ao regime é vista como ambígua. Eles têm oportunidades limitadas, mas ainda assim são divididos em subclassificações que determinam seu acesso a certos benefícios e direitos.
O songbun é um tema presente no cotidiano de todos os norte-coreanos, influenciando suas vidas de forma profunda. As informações sobre a classificação de cada indivíduo são armazenadas em documentos confidenciais do Estado, da polícia e das administrações locais, podendo até impactar questões como casamento e herança. O regime de Kim Jong-un se beneficia desse sistema ao garantir um controle social exaustivo sobre a população, transmitindo a ideia de responsabilidade coletiva e reforçando um ambiente de medo e opressão.
Apesar da negação oficial da existência do songbun pelo governo norte-coreano, relatos de fugitivos e especialistas que tiveram acesso a documentos oficiais comprovam a realidade desse sistema de castas na Coreia do Norte. Com raízes na história do país, o songbun continua a moldar o presente e o futuro dos cidadãos norte-coreanos, perpetuando um ciclo de desigualdade e injustiça.