No contexto das redes sociais, essas meninas, em sua maioria americanas, viralizam fazendo vídeos em que demonstram grande entusiasmo ao mostrar produtos de beleza, como cremes hidratantes e corretivos. A polêmica surge não apenas pelos valores exorbitantes desses produtos, com algumas tiktokers mencionando itens que ultrapassam os US$ 80, cerca de R$ 400, mas também pela influência que esse consumismo precoce pode exercer sobre a autoestima e a percepção de beleza das crianças.
O dermatologista Danilo Del Campo alerta para os riscos do uso inadequado de cosméticos destinados a peles maduras por crianças em desenvolvimento. Segundo ele, a exposição precoce a substâncias agressivas presentes em produtos de beleza pode resultar em reações cutâneas e problemas de saúde dermatológicos. Além disso, o psicanalista Michaël Stora ressalta que, ao se dedicarem a essa prática, as meninas deixam de brincar com bonecas, tornando-se elas mesmas o objeto de entretenimento e exposição.
Especialistas como Solène Delecourt, professora de Berkeley, alertam para a perpetuação de estereótipos de gênero e pressões sociais intensas que esses vídeos podem reforçar nas crianças. A representação de uma feminilidade baseada em padrões de beleza inatingíveis desde a infância pode gerar impactos profundos na construção da identidade e autoestima dessas meninas.
Diante desse cenário, é crucial que os pais estejam atentos aos conteúdos consumidos por seus filhos nas redes sociais, garantindo um ambiente saudável e estimulante para o desenvolvimento infantil. A exposição excessiva a padrões de beleza irreais e o estímulo precoce ao consumismo podem ter consequências negativas a longo prazo, impactando não apenas a saúde física, mas também a saúde emocional das crianças envolvidas nesse fenômeno das “Sephora Kids”.
