Rússia comemora os 100 anos da morte do revolucionário Lenin com homenagens e debates sobre seu legado político.

A Rússia comemorou neste domingo (21/01) os 100 anos da morte do revolucionário Vladimir Ilitch Lenin, criador do primeiro Estado socialista da história mundial – a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). As comemorações se restringiram a atos do Partido Comunista da Federação Russa (KRPF, na sigla em russo) na capital Moscou.

Militantes da sigla e demais agremiações de esquerda visitaram o corpo de Lenin, embalsamado e mantido em mausoléu no centro de Moscou. Apesar de polêmicas, os russos mantêm uma visão positiva de Lenin e mais da metade aceita mantê-lo embalsamado na Praça Vermelha.

Em um dia ensolarado, mas com temperaturas baixíssimas, membros da juventude do partido – os chamados Komsolmols – adentraram a Praça Vermelha entoando o seu tradicional slogan: “Lenin é o Partido!”.

Sob forte esquema de segurança, o líder do Partido Comunista, Gennady Zyuganov, colocou cravos vermelhos na porta do Mausoléu e visitou a necrópole da Muralha do Kremlin, onde estão enterrados líderes políticos como Josef Stalin e Leonid Brejnev, o escritor soviético Maksim Gorki e o cosmonauta Iuri Gagarin.

“Lenin foi o político mais relevante do século 20”, escreveu o deputado e representante do Partido Comunista no evento, Yuri Afonin, na rede social russa Dzen. “Ele continua atual, afinal, ainda é alvo de agressão de regimes fascistas e protofascistas em países como Ucrânia, países Bálticos e alguns da Europa do Leste, que retiram os monumentos em homenagem a ele e querem apagá-lo da história”, disse.

Em São Petersburgo, membros do Partido Comunista russo e trabalhadores da fábrica de Izhorsky, que teve papel ativo no processo revolucionário, se reuniram na estátua de Lenin instalada na estação férrea para oferecer coroa de flores e prestar homenagem ao líder.

Apesar de ainda estar representado na praça central de toda cidade, a figura de Lenin sofre uma reinterpretação na Rússia moderna. Decisões do líder bolchevique acerca da estruturação do Estado soviético são apontadas como a origem dos atuais contenciosos fronteiriços entre os países da região.

Um dos principais críticos do legado de Lenin é o atual presidente da Federação Russa, Vladimir Putin. Para ele, o líder bolchevique errou ao redesenhar o mapa do antigo Império Russo de acordo com sua representação étnica e ao conceder a essas novas unidades territoriais o direito de secessão da União Soviética. De acordo com Putin, dentre as unidades territoriais criadas de maneira artificial por Lenin está a Ucrânia. Durante discurso à nação em 2022, o líder russo declarou que a criação do Estado ucraniano é resultado das “políticas bolcheviques”, das quais o líder da Revolução Russa era o principal arquiteto.

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