No entanto, um estudo recente publicado no periódico New Phytologist trouxe revelações surpreendentes. Pesquisadores, em colaboração internacional, descobriram que outras espécies de pássaros passaram a polinizar as helicônias da região, substituindo o papel desempenhado pelo beija-flor-de-pescoço-roxo. Essa descoberta mostra que os sistemas de polinização podem se adaptar após eventos naturais extremos, como furacões, oferecendo resiliência ao ecossistema.
O pesquisador Fernando Gonçalves, do Centro de Pesquisa em Biodiversidade e Mudanças do Clima, sediado na Universidade Estadual Paulista (Unesp), explicou que a diminuição drástica da população do beija-flor-de-pescoço-roxo permitiu que outras espécies de aves se tornassem polinizadoras efetivas das helicônias. A pesquisa detalhada realizada na região mostrou que outras espécies de beija-flores e até mesmo o pássaro cambacica passaram a visitar e polinizar as flores de helicônia.
Essa descoberta é relevante não apenas do ponto de vista da biologia, mas também porque mostra que o processo de extinção de espécies é mais complexo do que se imaginava. A relação de coadaptação e codependência entre as espécies pode ser quebrada por eventos extremos, permitindo que outras espécies ocupem o papel desempenhado pelas espécies ameaçadas.
Os pesquisadores acreditam que, se não houver outras catástrofes naturais na região, as duas espécies de helicônia e o beija-flor-de-pescoço-roxo poderão restabelecer sua relação exclusivista no futuro. Novos estudos estão sendo realizados para confirmar essa hipótese e avaliar os impactos de fenômenos naturais sobre o comportamento evolutivo de outras espécies na região. A pesquisa continua em andamento, com a monitoração de outros eventos climáticos para entender melhor as consequências desses fenômenos na biodiversidade da ilha de Dominica.