Repórter São Paulo – SP – Brasil

Reversão dos avanços na China: Dúvidas surgem sobre a segurança jurídica e as prioridades do governo

A China sempre foi conhecida por seu modelo econômico e político, baseado em previsibilidade e pragmatismo. Desde a morte de Mao Tse-tung e o início das reformas, o país tem buscado conquistar e nutrir essas qualidades. Deng Xiaoping foi um dos responsáveis pela abertura da China para o mundo, transformando um país miserável em uma potência econômica. Ele criou zonas de livre comércio no sul do país, promoveu a transição ordenada de poder, valorizou o mérito e a experiência no serviço público e incentivou o sonho de riqueza. Essas medidas deram segurança jurídica ao mercado e atraíram investidores estrangeiros.

No entanto, o sucesso dessas reformas parece estar em declínio. A economia chinesa não está mais indo tão bem quanto antes. A falta de transição de poder e as perseguições a setores como tecnologia, educação privada e consultorias levantam dúvidas sobre as prioridades do governo. Além disso, a incerteza política e a possibilidade de desaparecimento repentina dos líderes fazem com que os investidores se questionem sobre a segurança de seus investimentos.

O governo chinês comemorou os resultados positivos das vendas do varejo e da produção industrial, mas esses números isolados não são suficientes para reverter a falta de dinamismo da economia. Para enfrentar esse problema, o país precisaria adotar medidas impopulares, como aumentar a transparência política, aumentar a produtividade das estatais e reformar o sistema previdenciário. No entanto, o presidente Xi Jinping tem outras prioridades e está disposto a sacrificar o crescimento em nome da segurança nacional.

A China está envelhecendo rapidamente e a população ativa está cada vez menos interessada em construir famílias, o que implica em uma necessidade de reformas no sistema previdenciário. No entanto, essas medidas não são populares e podem enfrentar resistência. Enquanto Xi Jinping estiver no poder e priorizando sua interpretação pessoal de segurança nacional, os estímulos podem até dar algum alívio à economia, mas não resolverão os problemas estruturais.

É possível que estejamos entrando em uma nova era na China, em que resultados modestos se tornem a regra. O mundo precisará se adaptar a essa realidade e se preparar para as mudanças que estão por vir.

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