Repórter São Paulo – SP – Brasil

Restrições na Faixa de Gaza: autoridades destacam falta de critérios claros em decisões sobre nacionalidades dos cidadãos autorizados a sair.

As discussões entre os governos palestino, israelense e egípcio para decidirem quais cidadãos da Faixa de Gaza teriam permissão para deixar a região chegam ao fim com a conclusão de que a decisão final cabe a Israel. Essa conclusão foi divulgada por fontes do meio diplomático no Cairo. No entanto, muitas autoridades destacaram a falta de critérios claros para a seleção, já que quase todos os estrangeiros autorizados a sair são de países aliados de Israel e que não reconhecem o Estado da Palestina.

Mesmo diante dessa decisão controversa, o governo brasileiro, por meio do Itamaraty, está empenhado em apoiar os brasileiros que estão em meio ao conflito e em retirá-los de Gaza o mais rápido possível. No entanto, a operação não depende apenas do governo brasileiro. Há especulações de que Israel esteja tentando punir o Brasil pelo posicionamento do país na presidência do Conselho de Segurança da ONU no mês de outubro. Diplomatas estrangeiros que conversaram informalmente com a reportagem da RFI elogiaram o posicionamento do Brasil, mas veem essa ação como uma possível retaliação de Israel.

O Brasil chegou a pedir ajuda aos Estados Unidos para retirar seus cidadãos de Gaza. O assessor especial do presidente Lula para assuntos internacionais, Celso Amorim, telefonou para o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan. Enquanto isso, a embaixada de Israel em Brasília responsabiliza o grupo Hamas pela demora em acrescentar nomes de brasileiros à lista de autorizados a sair da Faixa de Gaza, mas não explica o motivo dessa exclusão.

A Embaixada do Brasil no Cairo já recebeu autorização do governo egípcio para se deslocar até a fronteira do país com Gaza e aguardar a chegada dos brasileiros que conseguirem atravessar a passagem de Rafah. No entanto, o deslocamento para a fronteira ainda não é autorizado, principalmente para estrangeiros. Ao longo da estrada entre o canal de Suez e Rafah, existem cerca de 15 postos de controle militares onde os veículos são parados para checagem de documentos e questionamentos sobre o motivo da viagem.

O embaixador do Brasil no Egito, Paulino Franco, tentou chegar à fronteira por duas vezes, mas não obteve sucesso. Ainda que recebam autorização, os 34 brasileiros que aguardam para deixar Gaza talvez não consigam cruzar a fronteira no mesmo dia. A embaixada já providenciou um ônibus para buscar os brasileiros na fronteira, do lado egípcio, e um avião da Força Aérea Brasileira está no Cairo esperando para levá-los de volta ao Brasil. Além da tripulação, uma equipe de profissionais de saúde também aguarda no Egito para acompanhar os brasileiros durante todo o voo de repatriamento.

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