Reparação histórica: historiador defende debate amplo com Angola e outros países africanos para promover igualdade e combater a discriminação.

A discussão sobre reparação histórica pela escravidão e pelos crimes cometidos durante o período colonial tem ganhado destaque recentemente, principalmente após o reconhecimento do presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, da culpa de Portugal pela escravidão. No entanto, o historiador Luiz Felipe de Alencastro ressalta que esta discussão não pode se limitar a um diálogo entre Portugal e Brasil, mas deve também incluir Angola, Moçambique, Benin e outros países africanos.

Alencastro, renomado pesquisador da escravidão no Brasil e professor emérito da Universidade de Sorbonne, destaca a importância de reconhecer que, além dos afro-brasileiros, houve colonos brasileiros, proprietários, fazendeiros e comerciantes brasileiros que participaram do tráfico transatlântico de escravizados. Dessa forma, ele defende que o Brasil deve assumir sua responsabilidade neste cenário sombrio da história.

O historiador também destaca a necessidade de incluir Angola, Moçambique e Benin no debate, ressaltando que estes países foram os mais impactados pela pilhagem humana promovida por portugueses e brasileiros. Além disso, Alencastro desmistifica argumentos como “os portugueses nem pisavam na África”, destacando a presença e participação ativa dos colonizadores europeus no continente africano.

No cenário atual, a questão das reparações históricas não se resume apenas a compensações financeiras, mas também é vista como uma forma de promover a igualdade e combater a discriminação. Alencastro destaca que o caminho para a plena cidadania dos afrodescendentes no Brasil não se resume apenas a direitos políticos, mas também ao acesso à educação, ascensão social e participação ativa na vida pública do país.

Portanto, a discussão sobre reparação histórica pela escravidão e crimes coloniais é um tema complexo e que demanda uma reflexão profunda sobre as responsabilidades históricas e as ações necessárias para promover a justiça e a igualdade em sociedades marcadas por injustiças do passado. A declaração de Marcelo Rebelo de Sousa trouxe luz a este debate, que deve continuar avançando para além das fronteiras de Portugal e do Brasil, envolvendo todos os países afetados pela escravidão e pela colonização.

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