A pesquisa, liderada por Gabriela Wagner, observou o comportamento de quatro fêmeas adultas da espécie, criadas em cativeiro na universidade. Os resultados mostraram que as renas são capazes de realizar a ruminação, que consiste em regurgitar e mastigar o alimento, mesmo durante um estado semelhante ao sono sem sonhos, proporcionando descanso ao cérebro e nutrição ao mesmo tempo.
Uma das descobertas mais surpreendentes é que durante o verão ártico, as renas passam mais tempo se alimentando e realizando a ruminação, o que ajuda na absorção de nutrientes e no ganho de peso. Esse comportamento seria crucial para prepará-las para enfrentar o inverno, período em que a comida é mais escassa.
Além disso, os pesquisadores observaram uma semelhança considerável entre as ondas cerebrais das renas enquanto ruminavam e as do sono NREM, o que sugere que a ruminação funciona como um estado de descanso “quase sono”. Após a privação do sono, a ruminação permitiu que as renas voltassem a um estado de descanso semelhante ao proporcionado pelo sono.
No entanto, o estudo foi realizado em renas criadas em cativeiro, o que pode limitar a aplicação dos resultados a renas selvagens. De qualquer forma, a pesquisa fornece insights valiosos sobre a adaptação e comportamento desses animais em condições extremas, como as encontradas no Ártico.
Embora o estudo não tenha sido realizado exatamente no Polo Norte, a descoberta dessas características peculiares das renas pode ajudar a compreender como esses animais conseguem manter sua atividade durante longos períodos de tempo, contribuindo para o folclore do bom velhinho que distribui presentes na noite de Natal. Embora a ciência não possa confirmar a capacidade das renas de dar a volta ao mundo nessa noite especial, os resultados dessa pesquisa indicam que elas possuem uma capacidade única que poderia ajudá-las nessa tarefa.