Os dados foram coletados por meio da Lei de Acesso à Informação e consideraram informações de cor ou raça de 3.171 registros. Dessa amostra, 87,3% eram pessoas negras mortas. O relatório também destacou a falta de informações sobre a cor ou raça em uma em cada quatro mortes, dificultando a compreensão do problema e o desenvolvimento de políticas públicas.
Comparando os dados com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, os oito estados representaram 65,6% das 6.430 mortes causadas por agentes em 2022. A proporção de pessoas negras também foi semelhante nos dois registros, com 83% no anuário e 87,3% no levantamento da Rede.
A coordenadora do grupo responsável pelo relatório, Silvia Ramos, enfatizou a necessidade de se criar políticas públicas para lidar com o problema, destacando a letalidade de pessoas negras como uma questão política e social. Além disso, o levantamento destacou que a proporção de pessoas negras mortas por agentes de segurança é maior do que a participação delas na população em alguns estados, como Bahia e Pará.
Os governos dos estados mencionados foram procurados para comentar sobre os números alarmantes revelados pelo relatório. O governo da Bahia não respondeu, enquanto o governo do Pará destacou uma redução de 22% no número de mortes causadas por agentes do estado nos primeiros 10 meses do ano, em comparação com o mesmo período de 2022.
No Rio de Janeiro, onde a população negra representa 54,39% do total, a proporção de vítimas negras chegou a 87%. O governo de Cláudio Castro mencionou um plano de redução da letalidade policial, que inclui o uso de câmeras corporais, entre outras ações.
Em São Paulo, a Secretaria da Segurança Pública destacou a criação de uma Divisão de Cidadania e Dignidade Humana, revisão de protocolos de abordagem e investimento em equipamentos de menor potencial ofensivo para policiais. O governo federal, por sua vez, anunciou em agosto a elaboração de um Programa Nacional para o Combate à Letalidade Policial.
O Ministério da Justiça ressaltou que 80% dos recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública foram destinados à redução das mortes violentas intencionais, totalizando cerca de R$ 800 milhões repassados aos estados e ao Distrito Federal. Como conclusão, o relatório destaca a importância de políticas públicas para enfrentar o problema da letalidade policial, em especial a morte de pessoas negras, e ações que busquem reduzir a desproporção de vítimas negras em relação à população em geral.