Segundo o relatório, que havia sido produzido em 2021, toda a legislação sobre imigração e cidadania aprovada no Reino Unido entre 1950 e 1981 tinha como objetivo reduzir o número de pessoas negras permitidas a morar e trabalhar no país. O sistema racista implantado foi diretamente responsável pelo escândalo Windrush, no qual pessoas do Caribe foram deportadas ilegalmente, mesmo sendo elegíveis para permanecer no Reino Unido.
O governo britânico se recusou a divulgar o relatório e negou diversos pedidos da imprensa por informações, alegando que a divulgação poderia prejudicar o desenvolvimento futuro de políticas migratórias. No entanto, um juiz de primeira instância ordenou a publicação do documento após considerar improvável que a confiança das comunidades afetadas fosse abalada.
O relatório apontou que as leis de imigração aprovadas durante esse período visavam diminuir o número de pessoas não brancas vivendo no país e destacou a interligação entre a ideologia racial e as políticas migratórias adotadas. Além disso, ressaltou que a crença de que pessoas negras não tinham os mesmos direitos e capacidades que pessoas brancas persistiu no Império Britânico, mesmo após a abolição da escravidão.
Recentemente, o governo britânico aprovou uma polêmica lei que previa a deportação de imigrantes e refugiados para a Ruanda, na África oriental. Essa legislação foi duramente criticada por ativistas de direitos humanos e considerada cruel e ineficaz por especialistas no assunto.
Diante desse cenário, o Reino Unido enfrentou uma onda de atos anti-imigração impulsionados pela extrema direita, após a morte de três crianças em um ataque a faca. Os rumores de que o criminoso seria um imigrante alimentaram a xenofobia e desencadearam atos violentos em todo o país. Um momento turbulento que revela as profundas questões sociais e políticas que ainda permeiam a sociedade britânica.