Reforma tributária: carnes são inclusas na cesta básica nacional, impactando alíquotas e prejudicando a população mais pobre.

Na votação do projeto de regulamentação da reforma tributária, a Câmara dos Deputados cedeu ao populismo em favor do lobby do agronegócio e dos supermercados, incluindo as carnes na cesta básica nacional. Com um placar acachapante de 477 a 3, os quase 500 parlamentares que votaram a favor ignoraram o impacto negativo que essa medida terá sobre a população mais pobre e demais contribuintes.

A justificativa de que a inclusão das carnes na cesta básica beneficiará os mais necessitados é falsa. Na verdade, a alíquota dos novos impostos ficará mais alta para todos, conforme apontam estudos de acadêmicos e especialistas na área tributária. A desoneração da cesta básica tem um efeito regressivo, aumentando o custo fiscal com a perda de arrecadação e prejudicando principalmente os mais vulneráveis.

Os grandes grupos empresariais que pressionaram pela zeragem da alíquota das carnes utilizaram os mais pobres como desculpa para garantir seus interesses. O Congresso, em uma manifestação de insensatez, aprovou a medida com entusiasmo, deixando de lado a coerência e as evidências que apontam para os prejuízos dessa decisão no longo prazo.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, foi um dos defensores da inclusão das carnes na cesta básica, indo de encontro à argumentação de especialistas e do Ministério da Fazenda. A polarização em torno desse tema revela o despreparo da base do governo para enfrentar as narrativas populistas, além de representar um retrocesso na discussão sobre medidas estruturantes de corte de despesas.

A influência do lobby do agronegócio e dos supermercados na votação da reforma tributária evidencia a fragilidade do sistema político diante de interesses corporativos. O debate em torno das políticas fiscais deve ser pautado pela transparência, responsabilidade e foco no bem-estar da população como um todo, e não em benefícios setoriais que prejudicam o conjunto da sociedade. A decisão tomada na Câmara dos Deputados representa um retrocesso e um mau sinal para o futuro do país.

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