Repórter São Paulo – SP – Brasil

Protestos e repressão policial global: os fatores comuns por trás das revoltas na França, Irã e EUA

Nos últimos dias, temos testemunhado confrontos e tumultos nas ruas da França, especialmente em Paris e Marselha. E ao olhar para outros protestos recentes ao redor do mundo, como os do movimento Black Lives Matter nos Estados Unidos e as revoltas no Irã, podemos identificar alguns fatores comuns que conectam essas três revoltas em continentes diferentes.

O primeiro fator em comum é a idade e a classe social dos manifestantes. A maioria das pessoas detidas durante os tumultos tinha menos de 30 anos e uma parte significativa era composta por jovens que não estudam, não trabalham e não estão em treinamento, conhecidos como “nem-nems”. Nas zonas urbanas sensíveis da França e nos Estados Unidos, esse perfil está associado às minorias raciais, que representam uma porcentagem maior dessas populações do que a média nacional.

No Irã, por outro lado, o fator decisivo foi a idade. Os jovens desse país têm vivido sob as sanções dos Estados Unidos durante toda a sua vida, o que os leva a uma situação de desespero e indignação.

Outro fator comum entre essas revoltas é o desencadeamento dos protestos após um assassinato cometido pela polícia. Nos casos mencionados, os nomes de George Floyd nos Estados Unidos, Mahsa Amini no Irã e Nahel Merzouk na França vêm à tona. Curiosamente, a atenção da mídia costuma se focar nos manifestantes, rotulando-os como “vândalos”, “bandidos” e “criminosos”, enquanto a violência policial muitas vezes fica em segundo plano.

Um terceiro fator que conecta esses protestos é a repetição monótona dos eventos. Sempre vemos lojas destruídas, carros queimados, saques e confrontos com a polícia. Infelizmente, essa sequência de eventos se tornou uma fórmula previsível, na qual a polícia mata um jovem marginalizado, os jovens se revoltam, há confrontos e prisões, e depois tudo volta à “normalidade” até que um novo incidente ocorra.

A França, em particular, tem um histórico longo desses casos de violência policial. Diversos casos de assassinatos por parte da polícia são lembrados, como os de Thomas Claudio em 1990, Djamel Chettouh em 1991, Mohamed Bahri e Mourad Tchier em 1992, Faouzi Benraïs em 1994, e muitos outros. A lista é trágica e intolerável.

Os Estados Unidos também têm sua triste história de violência policial, com casos emblemáticos como os de Arthur McDuffie em 1980, Rodney King em 1991, Michael Brown em 2014, e tantos outros que causaram ondas de protestos e confrontos.

Até mesmo no Reino Unido, podemos encontrar exemplos de violência policial, como os motins em Brixton em 1981, 1985 e 1995, e os protestos em Tottenham em 2011, após o assassinato de Mark Duggan.

Esses eventos nos mostram uma triste realidade: a violência policial não é um problema isolado em um único país, mas sim um fenômeno global. É urgente a necessidade de uma reflexão profunda sobre as políticas de segurança e as relações entre a polícia e as comunidades marginalizadas em todo o mundo.

Essas revoltas nos obrigam a questionar o papel da polícia e a importância de um tratamento justo e igualitário para todos os cidadãos. É fundamental que essas questões sejam discutidas e que medidas efetivas sejam tomadas para combater a violência policial e garantir justiça social.

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