Repórter São Paulo – SP – Brasil

Proposta de Emenda à Constituição que pode privatizar praias no Brasil é alvo de debate no Senado em meio a crise ambiental.

No momento em que o país enfrenta uma das maiores crises ambientais de sua história, com a tragédia no Rio Grande do Sul, o Senado brasileiro se debruça sobre a proposta de emenda à Constituição (PEC 3/2022) que pode abrir caminho para a privatização das praias do país. Essa medida, além de favorecer a especulação imobiliária, possui o potencial de prejudicar comunidades pesqueiras e agravar ainda mais os impactos das mudanças climáticas.

A PEC da Extinção dos Terrenos de Marinha, como é conhecida, propõe a transferência de áreas públicas da União, como os terrenos de marinha, para estados e municípios, bem como para foreiros, cessionários e ocupantes. Dessa forma, abre-se a possibilidade de regularizar a participação da iniciativa privada nessas áreas, o que tem gerado debates acalorados no âmbito da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, cujo relator é o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Segundo especialistas, os terrenos de marinha desempenham um papel essencial na proteção do meio ambiente e na sustentabilidade das comunidades costeiras. A privatização dessas áreas poderia resultar em danos ambientais significativos, como desmatamento, construções irregulares e perda de biodiversidade, além de representar uma ameaça para a população vulnerável que vive no litoral.

De acordo com os críticos da proposta, a PEC 3/2022 pode impulsionar a especulação imobiliária, aumentar os preços da terra e prejudicar a população de baixa renda. Por outro lado, os defensores da medida argumentam que ela visa regularizar a situação fundiária e promover o desenvolvimento urbano em áreas que já são ocupadas irregularmente.

O debate em torno da PEC está marcado para esta segunda-feira na CCJ do Senado, e contará com a participação de diversos representantes, incluindo o diretor-presidente da Associação de Terminais Portuários Privados, Murillo Barbosa, e autoridades como o governador do Amapá e prefeitos de diversas cidades costeiras. A discussão promete ser intensa e deve colocar em foco os interesses em jogo, tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico.

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