Primeiro ano de governo de Lula encerra com crises inúteis e vaporosas, favorecendo o distensionamento das relações políticas.

No final de seu primeiro ano de governo, Lula se encontra em uma situação favorecida pelas crises que, apesar de aparecerem, parecem se dissipar rapidamente, como se fossem apenas vapor. Três episódios destacam essa tendência.

Nos primeiros meses do ano, o governo atacou o Banco Central, chegando perto de insultar o presidente do BC, Roberto Campos Neto. No entanto, após 10 meses, os juros cederam de 13,75% ao ano para 12,25%, sem grandes alardes. Isso sugere que a zanga inicial foi mais teatral do que uma verdadeira convicção do governo.

Outra crise que pareceu se dissipar foi o caso das joias sauditas, relacionadas ao governo Bolsonaro, que esquentou o clima por um tempo e depois desapareceu até sua próxima aparição. Recentemente, veio a informação de que o governo americano colabora na investigação.

O terceiro caso é mais complexo, envolvendo dificuldades numéricas e constitucionais que obriga o Planalto a negociar com a Câmara dos Deputados, controlada pelo poderoso bloco do Dr. Arthur Lira. A cada mês surgem notícias sobre operações esquisitas envolvendo-o, que somem e depois voltam. Além disso, a ameaça de Lira trancar a pauta de seu latifúndio se repete a cada desentendimento.

Além desses episódios, a disputa entre o Senado e o Supremo Tribunal Federal também está na mira. O Senado aprovou uma emenda constitucional que limita os poderes monocráticos dos ministros do STF, gerando reações e boatos de desentendimentos.

Apesar de todas essas tensões, Lula parece fechar o ano com relações políticas mais equilibradas, ainda que resquícios do estilo de Bolsonaro pareçam permear o entorno do Planalto e refletir na sensibilidade do Judiciário. As crises inúteis, no entanto, servem apenas para inflar as vaidades de quem se envolve nelas.

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