Presidente eleito da Guatemala enfrenta incertezas e ameaças de manifestantes durante cerimônia de posse tumultuada.

O presidente eleito da Guatemala, Bernardo Arévalo, enfrenta um clima de incertezas e temores de ruptura democrática enquanto se prepara para tomar posse neste domingo (14). A cerimônia, que deveria trazer alívio para as instituições democráticas, está envolta em polêmica e ameaças de manifestantes de invadir o Congresso do país.

O atraso na posse de Arévalo se deve a um impasse com os deputados, que decorre de uma decisão judicial deste domingo que determina que os legisladores do partido de Arévalo assumam seus cargos como independentes, não sob o signo da legenda, que foi suspensa pela Justiça em agosto do ano passado.

O clima de incerteza e insegurança jurídica que marcou a cena política da Guatemala desde a vitória eleitoral de Arévalo gerou todo o atraso. O Tribunal Supremo Eleitoral havia suspendido a inabilitação do partido de Arévalo, mas posteriormente confirmou a decisão.

Caso Bernardo Arévalo consiga assumir o cargo, ele finalmente será declarado presidente após ter sido eleito em segundo turno em agosto do ano passado, surpreendendo a todos. A perseguição judicial que antecedeu sua posse e buscou impedi-lo de assumir o comando do país da América Central fez com que diversos governos entendessem que enviar representantes à posse seria uma maneira importante de ecoar uma mensagem de apoio à democracia.

Dentre os presentes na cerimônia de posse estão os presidentes Gabriel Boric (Chile) e Gustavo Petro (Colômbia), além do rei da Espanha, Felipe 6º, e do chefe da diplomacia da União Europeia, o espanhol Josep Borrell. O Brasil foi representado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, e a OEA enviou uma pequena delegação à posse em uma mensagem de apoio ao rito democrático.

Arévalo prometeu trabalhar para encerrar “um período tenebroso” de “cooptação corrupta do sistema político”. No entanto, o presidente enfrentará um desafio no Congresso, pois apesar de sua vitória representativa, seu partido conseguiu apenas 23 das 160 cadeiras do Legislativo unicameral.

A avaliação dos cientistas políticos é que sua vida no Congresso será complicada, uma vez que o partido conservador Vamos e o UNE podem barganhar juntos vitórias e atrapalhar os planos do governo. O Semilla, partido de Arévalo, teve origem nos protestos contra a corrupção política no país.

A Guatemala que Arévalo deve herdar ocupa o 30º lugar entre 180 países no ranking de corrupção da Transparência Internacional e tem 60% de seus 17,8 milhões de habitantes vivendo na pobreza, um dos índices mais altos da América Latina. A situação leva um número cada vez maior de guatemaltecos a deixarem o país.

Desde 2020, eles foram a segunda nacionalidade a mais tentar cruzar a fronteira sul dos Estados Unidos, correspondendo a 12% dos migrantes ali encontrados pela Patrulha da Fronteira. Somente no último ano fiscal, foram mais de 213 mil cidadãos da Guatemala em busca de novas oportunidades. O futuro governo de Arévalo enfrentará enormes desafios para enfrentar a corrupção política e a pobreza que assolam o país.

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