Repórter São Paulo – SP – Brasil

Prefeito de São Paulo lança programa Tarifa Zero em ônibus aos domingos e em feriados, mas encontra resistência do governador para estender a medida.

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), optou por lançar o programa Tarifa Zero nos ônibus no Terminal Santo Amaro, na zona sul da capital paulista. Durante todo o dia de domingo, o transporte público municipal ficou sem cobrança de tarifas. A gratuidade vai ser adotada aos domingos, assim como nos dias do Natal, Ano Novo e no aniversário de São Paulo, em 25 de janeiro.

Essa decisão tem sido uma bandeira do prefeito Nunes, que tem planos de se candidatar à reeleição no próximo ano. Ele até mencionou a intenção de oferecer o passe livre também nos dias úteis. No entanto, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) não aderiu à medida, mantendo a cobrança das passagens no Metrô e na CPTM.

A atitude de Nunes tem sido interpretada como um movimento de pré-campanha, já que ele embarcou em um ônibus que partiu rumo ao Shopping Ibirapuera para comemorar a estreia da gratuidade no transporte municipal. Durante o trajeto, o prefeito pôde ouvir opiniões contra os problemas enfrentados pela cidade e elogios à iniciativa da tarifa zero. Porém, uma parcela considerável dos passageiros nem sequer sabia da gratuidade.

Segundo Nunes, a iniciativa visa proporcionar às pessoas a oportunidade de conhecer e desfrutar da cidade, além de aumentar o número de paulistanos que utilizam o transporte público. No entanto, a concretização do Domingão Tarifa Zero não empolgou tanto os habitantes da cidade devido ao anúncio quase simultâneo do reajuste das passagens do trem e do metrô a partir de 1º de janeiro, passando de R$ 4,40 para R$ 5.

No entanto, isso gerou tensão entre o prefeito e Tarcísio. Ricardo Nunes garantiu que o preço da passagem de ônibus permanecerá inalterado, quebrando a tradição de que os reajustes do município e do estado sejam coordenados. Segundo ele, o Metrô e a CPTM não precisaram adotar a gratuidade, já que a cobertura da cidade é completa e há interligação com todos os equipamentos de esporte e cultura.

Durante seu trajeto até o Shopping Ibirapuera, o prefeito foi recebido com gritos por pessoas que aguardavam na fila da plataforma de embarque, mas nem todos expressaram apoio à iniciativa. Alguns, como a atendente de call center Ágda Carvalho, afirmaram que o benefício deveria se estender para os dias da semana, quando muitas pessoas precisam trabalhar. Enquanto isso, a garçonete Josilene Oliveira sugeriu que o prefeito aumentasse a frota de ônibus à noite, pela dificuldade que ela enfrenta ao fazer o trajeto até a zona leste.

Há pelo menos outras 89 cidades no Brasil que adotaram o passe livre, segundo um levantamento do pesquisador Daniel Santini, mestre em Planejamento Urbano e Regional da Universidade de São Paulo (USP). A maioria dessas cidades é de pequeno porte.

Parte dos especialistas acredita que a tarifa zero promove o direito à mobilidade e aumenta a inclusão social. Entretanto, uma corrente discorda, considerando a medida um uso ineficiente de dinheiro público, uma vez que gasta uma quantidade significativa de recursos em uma política que não beneficia apenas as pessoas mais necessitadas. Mesmo entre os que estão a favor da medida, existem ressalvas ao modelo adotado na capital paulista.

Para promover a gratuidade nos ônibus, a Câmara já aprovou, em 1ª votação, R$ 500 milhões para o programa no próximo ano. A previsão é de que a implementação da tarifa zero aumente em pelo menos 50% o total de pessoas que utilizam os ônibus municipais aos domingos. Atualmente, esse número é de 2,2 milhões de passageiros, que representam apenas 40% da frota disponível, de acordo com a SPTrans.

Mesmo admitindo que a implementação da Tarifa Zero o deixa “bastante empolgado”, o prefeito terá de lidar com as queixas sobre problemas que não estão sob a responsabilidade da Prefeitura. Enquanto estava no ônibus em direção ao Shopping Ibirapuera, Nunes teve que ouvir reclamações dos passageiros sobre a truculência de abordagens policiais, desemprego e o aumento das passagens do trem e do metrô.

Apesar das críticas e da tensão com o governo estadual, Ricardo Nunes vislumbra na Tarifa Zero um trunfo eleitoral e uma marca de sua gestão, que enfrenta desafios como o descontrole da Cracolândia e o aumento da criminalidade no centro de São Paulo. e o alto número de criminalidade no centro da capital.

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