Prefeito de Feira de Santana liderou resistência contra o golpe de 1964 em cidade baiana.

Na noite de 31 de março de 1964, a cidade de Feira de Santana, localizada a 109 km de Salvador, estava agitada com a notícia de um golpe de Estado em andamento no país. O prefeito Francisco Pinto e seus aliados se reuniam na sede do paço municipal e em sua própria casa, organizando estratégias para resistir aos golpistas.

Francisco Pinto, eleito em 1962 pelo PSD, era conhecido por suas ideias progressistas e tinha ligações próximas com o PCB. Sua gestão já antecipava políticas de esquerda que seriam adotadas posteriormente. Com os primeiros informes sobre o golpe, barricadas foram erguidas em frente à sede da prefeitura.

Militantes do PCB se mobilizavam, juntamente com jovens da Ação Popular, para enfrentar os golpistas. O plano envolvia tomar o quartel da Polícia Militar e o Tiro de Guerra da cidade, em defesa do presidente João Goulart. No entanto, várias propostas foram descartadas, incluindo a ideia de explodir uma ponte e ocupar uma rádio.

Com a chegada de notícias desanimadoras, a resistência em Feira de Santana perdeu força. O governador da Bahia, Lomanto Júnior, acabou aderindo aos golpistas e o Congresso Nacional decretou a vacância da Presidência da República. Diante da falta de um plano concreto e de armamentos adequados, a desmobilização começou antes mesmo de qualquer ação ser tomada.

Francisco Pinto, um político corajoso e combativo, acabou sendo preso e deposto pelo regime militar. No entanto, sua trajetória política não se encerrou ali. Após ser eleito deputado federal pelo MDB, tornou-se um dos membros mais ativos da oposição ao regime. Suas ações lhe renderam condenações e cassações, mas sua coragem e determinação o mantiveram como uma figura emblemática na história política do Brasil.

Chico Pinto faleceu em 2008, aos 77 anos, deixando um legado de resistência e luta pelos direitos democráticos. Sua vida pública foi marcada por sua defesa intransigente dos ideais progressistas e sua coragem diante das adversidades impostas pelo regime autoritário. Mesmo após sua morte, seu legado continuou vivo na memória daqueles que lutam por um Brasil mais justo e democrático.

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