De acordo com Edgard Camaros, professor da Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha, esta é a primeira vez que uma tentativa de manipular um câncer foi identificada em um crânio de cerca de 4.000 anos atrás. Os crânios analisados fazem parte da coleção do laboratório Duckworth, ligado à Universidade de Cambridge, no Reino Unido.
A civilização egípcia é uma fonte rica de estudo devido à sua avançada medicina na antiguidade. A pesquisa teve como objetivo investigar se era possível encontrar vestígios de tratamento ou descobrir como pessoas acometidas com câncer morreram no Egito antigo. A análise dos crânios foi realizada por meio de técnicas modernas, como a microtomografia computadorizada, que permitiu um diagnóstico detalhado da situação do câncer desenvolvido nos crânios.
O estudo revelou que um dos crânios apresentava evidências de câncer nasofaríngeo, que se espalhou pela cabeça. Os egípcios realizaram cortes nos tumores secundários, sugerindo que tenham realizado uma intervenção cirúrgica. Já o segundo crânio, datado de pelo menos 2.300 anos, também apresentava sinais de câncer, mas sem evidências de intervenção. Isso demonstra as limitações da medicina egípcia em relação ao tratamento de câncer na antiguidade.
A descoberta anima os pesquisadores, porém, levanta ainda mais perguntas sobre a prática médica na antiguidade. A falta de informações sobre o que ocorreu após a intervenção cirúrgica realizada pelos egípcios indica a necessidade de mais pesquisas e o desenvolvimento de tecnologias para analisar a relação entre o câncer e as sociedades do passado. A análise molecular de câncer em ossos antigos pode ser uma próxima etapa importante para obter mais respostas sobre essa antiga prática médica.
