População de Gaza enfrenta crise humanitária com escassez de água em meio a ajuda humanitária do Egito

O acessório de um caminhão-pipa é capaz de transportar uma impressionante quantidade de 20 mil litros de água. No entanto, ao considerar uma situação de “emergência humanitária”, a quantidade mínima de água tratada por pessoa para atender às necessidades básicas, como consumo e alimentação, seria de 7,5 litros por dia, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Caso consideremos a população de Gaza, estimada em 2,23 milhões, seriam necessárias 835 viagens de caminhões-pipa diariamente para fornecer a cada pessoa a quantidade mínima de água para situações de catástrofe, como guerra, terremotos e furacões. Essa simples aritmética ilustra a importância da possibilidade de caminhões de ajuda humanitária, atualmente no Egito, entrarem em Gaza por permissão de Israel.

A Faixa de Gaza, um território sitiado, obtém a maior parte da sua água de poços e processos de dessalinização. No entanto, essas atividades estão paralisadas, devido à interrupção do fornecimento de diesel industrial, que vinha de Israel, para a única usina elétrica do território. Além disso, o fornecimento de água da empresa israelense também foi interrompido.

A escassez de água em Gaza é cada vez mais preocupante. A água disponível nos mercados é extremamente limitada e vários abrigos da Agência das Nações Unidas para Refugiados da Palestina (UNRWA) estão sem água. A UNRWA abriga cerca de 513.507 pessoas, o equivalente a um quarto da população de Gaza.

Em meio a essa crise humanitária, o governo de Israel anunciou que não irá impedir a entrada de assistência humanitária vinda do Egito, desde que sejam apenas alimentos, água e medicamentos destinados à população civil do sul da Faixa de Gaza, e desde que esses suprimentos não cheguem ao Hamas. Essa concessão é resultado do apoio dos Estados Unidos aos esforços de guerra de Israel, bem como do pedido feito pelo presidente Joe Biden.

Estima-se que entre 170 e 200 caminhões estejam prontos para transportar alimentos, remédios e água através da passagem de Rafah, que está localizada nos 12,7 km da fronteira de Gaza com o Egito e é a única que não é controlada por Israel. No entanto, esses caminhões enfrentam dificuldades, pois tanto os pátios dessa passagem quanto as vias de acesso têm sido alvos de bombardeios.

Inicialmente, 20 caminhões provenientes do Egito entrariam em Gaza como um teste. Se tudo correr como planejado, esses caminhões chegarão ao território na sexta-feira, sob a supervisão da ONU. Além disso, se a passagem de Rafah for reaberta e funcionar corretamente, estrangeiros presos em Gaza também poderão deixar o território em direção ao Sinai, de acordo com o ministro egípcio das Relações Exteriores, Sameh Shoukry.

Embora essa ajuda humanitária seja um alívio para os desesperados e aqueles à beira da morte, o futuro ainda é incerto. Não está claro se Gaza receberá combustível para religar os geradores de água ou se fornecerá eletricidade para além dos hospitais e serviços públicos, que já sofrem com interrupções constantes.

No entanto, é importante destacar que Israel não fornecerá ajuda a Gaza até que o Hamas e a Jihad Islâmica libertem os reféns que capturaram durante os recentes massacres em Israel. Portanto, é provável que o bloqueio e o cerco a Gaza continuem por um longo período. Nesse cenário, os palestinos podem ser obrigados a fugir para o sul de Gaza em massa, e outros países precisarão fornecer ajuda humanitária em uma escala industrial, se a logística permitir. Caso contrário, muitos palestinos serão forçados a viver em campos superlotados de refugiados, sofrendo ainda mais com a escassez de recursos básicos.

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