A construção da ponte teve início em 1969 e foi concluída em 1974, durante o mandato do presidente Médici, um dos governantes mais autoritários da ditadura militar. A inauguração da ponte foi marcada por pompa e circunstância, com a presença de autoridades e uma placa comemorativa que exaltava os feitos do regime de 1964.
Mesmo sendo uma obra monumental no centro econômico do país, a ponte Rio-Niterói não recebeu a devida atenção em termos de preservação de sua memória e importância histórica. O fato de não existir uma ligação ferroviária entre as cidades do Rio e Niterói, tampouco a implementação do metrô prometido, demonstra a falta de planejamento e investimento em transportes públicos eficientes.
A ampliação da ponte em 2009 para quatro faixas apenas agravou o problema do trânsito, incentivando ainda mais o uso de veículos individuais e contribuindo para a saturação das vias. A ponte tornou-se não apenas um ponto de passagem entre as cidades, mas também um símbolo da dependência brasileira do transporte rodoviário e do desinteresse pelo transporte público.
Apesar de todo o impacto que a ponte Rio-Niterói teve na mobilidade e integração das cidades do Rio e Niterói, é preocupante a falta de estudos e pesquisas acadêmicas que abordem sua importância histórica e social. É necessário um olhar mais crítico e aprofundado sobre as transformações que essa obra gerou na sociedade e na região, além de desconstruir os mitos e lendas que cercam sua construção.
A ponte Rio-Niterói, que se tornou um marco na paisagem urbana e na vida dos moradores locais, merece um reconhecimento mais amplo e uma reflexão sobre seu papel na história e no desenvolvimento das cidades do Rio de Janeiro e Niterói. É fundamental resgatar a memória dessa obra monumental e compreender suas implicações sociais, culturais e políticas para as gerações presentes e futuras.