Policiais militares de Itajaí, Santa Catarina, são acusados de agredir pessoas em situação de rua e forçá-las a deixar a cidade

Na madrugada desta terça-feira (31), policiais militares de Itajaí, cidade localizada no litoral de Santa Catarina, estão sendo investigados por suspeita de agressão a pessoas em situação de rua e por ordenarem que elas deixassem a cidade. Após essa ordem, o grupo teria sido obrigado a caminhar por cerca de 7 quilômetros até Balneário Camboriú, município vizinho.

As vítimas relataram o ocorrido para assistentes sociais de Balneário Camboriú. A própria Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Inclusão Social da cidade recebeu a informação às 3h da manhã por meio da Guarda Municipal, de que dezenas de pessoas em situação de rua tinham sido levadas pela Polícia Militar até a BR-101 e abandonadas no local.

No km 126 da rodovia, na divisa entre Itajaí e Balneário Camboriú, assistentes sociais encontraram o grupo composto por 30 homens e 2 mulheres, com idades entre 21 e 58 anos, alguns deles com carrinhos utilizados para a coleta de lixo reciclável. A secretária municipal responsável pelo caso afirmou ter presenciado uma cena horrível ao chegar ao local, com moradores de rua deitados próximo à rodovia, e ouviu relatos de humilhações e agressões cometidas pelos policiais militares de Itajaí.

Vídeos foram divulgados nas redes sociais mostrando as pessoas em situação de rua sendo levadas em fila indiana até Balneário Camboriú, com a escolta de pelo menos seis viaturas da Polícia Militar. Nas imagens, eles relatam que os policiais militares chamavam a ação de “Operação Tadeu” e ordenavam que eles deixassem a cidade, sem a possibilidade de retorno.

Somente por volta das 8h30, uma equipe ligada à prefeitura de Itajaí chegou à divisa dos municípios para prestar assistência às pessoas em situação de rua. De acordo com a Secretaria de Assistência Social, 18 pessoas ainda estavam no local e foram encaminhadas para um local de acolhimento, onde receberam repouso, alimentação, higiene e atendimento técnico com uma psicóloga e uma assistente social. No entanto, a Prefeitura de Itajaí informou que nenhuma delas aceitou o encaminhamento para uma comunidade terapêutica ou auxílio para contatar familiares.

O 1º Batalhão de Polícia Militar de Itajaí afirmou que irá apurar o caso e que se tratou de uma operação clandestina, não integrante do planejamento prévio do batalhão. Segundo a nota emitida pelo comandante do 1º BPM, operações que envolvem pessoas em situação de rua são realizadas em conjunto com outros órgãos, como a Assistência Social, visando garantir seus direitos fundamentais.

Diariamente, quase 150 pessoas em situação de rua são atendidas pelo centro de acolhida da Prefeitura de Itajaí, que acompanha essas pessoas na tentativa de reverter sua situação, proporcionando suporte e encaminhamentos necessários. Ainda segundo a nota, muitas dessas pessoas possuem vínculos familiares rompidos e apresentam dependência química.

É importante ressaltar que o caso está sendo investigado e que todas as partes envolvidas devem ter a oportunidade de se manifestar e esclarecer os fatos. A Polícia Militar de Itajaí já se manifestou em nota, informando que apurará as circunstâncias dessa operação clandestina e que este tipo de ação não é condizente com os procedimentos adotados pela corporação.

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