Polícia Federal realiza busca e apreensão em endereços ligados ao diretor-geral da Abin, Alexandre Ramagem, em operação que apura esquema de espionagem ilegal.

A Polícia Federal está realizando uma operação de busca e apreensão em endereços ligados ao deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo do presidente Jair Bolsonaro. Esta ação faz parte da Operação Vigilância Aproximada, que investiga um esquema ilegal de espionagem montado na Abin para monitorar autoridades públicas e cidadãos comuns. Os agentes policiais estão vasculhando o apartamento funcional e o gabinete de Ramagem em Brasília.

Além do deputado, sete policiais federais também estão sendo investigados e foram afastados de suas funções públicas, sob suspeita de integrar o grupo que utilizava ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis sem autorização judicial. Esta operação é uma continuação das investigações da Operação Última Milha, que foi deflagrada em outubro do ano passado.

“A estrutura paralela na Abin e o uso indevido de ferramentas e serviços da agência de inteligência do Estado para ações ilícitas, com o objetivo de interferir em investigações, produzir informações para uso político e midiático, assim como para benefício pessoal, foram comprovados através das provas obtidas pelas diligências executadas pela Polícia Federal”, afirmou a PF em nota. Até o momento, Ramagem preferiu não comentar sobre a operação.

Os investigados podem responder por crimes como invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, informáticas ou telemáticas sem a devida autorização ou com objetivos não autorizados em lei. A ferramenta de espionagem utilizada, denominada FirstMile, foi usada de forma irregular entre dezembro de 2018 e 2021, contra políticos, advogados, jornalistas, juízes e membros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Ramagem é delegado licenciado da Polícia Federal e atualmente pré-candidato a prefeito do Rio de Janeiro, com o apoio de Jair Bolsonaro. Ele já participou da coordenação de grandes eventos, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas do Rio de 2016, e integrou a equipe da Operação Lava Jato. Em 2017, foi convidado a integrar a equipe de policiais responsáveis pela investigação e inteligência de polícia judiciária no âmbito da Lava Jato, no Rio de Janeiro.

Ramagem assumiu a chefia da segurança de Bolsonaro em 2018 e, em 2020, chegou a ser nomeado diretor-geral da PF pelo então presidente. No entanto, a decisão foi revertida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, a pedido do PDT. Na época, ele foi designado para substituir Maurício Valeixo, que foi pivô da saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça. Moro deixou o governo acusando Bolsonaro de fazer mudanças na PF para proteger seus filhos e aliados de investigações. Como resultado, Ramagem retornou à direção-geral da Abin.

Em 2 de outubro de 2022, o deputado foi eleito pelo Rio de Janeiro, com 59.170 votos pelo Partido Liberal, o mesmo de Bolsonaro. Ele é o escolhido pelo ex-presidente para enfrentar o atual prefeito Eduardo Paes (PSD), que deve ter o apoio do PT para sua reeleição este ano. Com isso, a situação do deputado e diretor-geral da Abin na investigação da Polícia Federal pode impactar diretamente suas aspirações políticas.

Este é um desdobramento importante das investigações da Polícia Federal e a repercussão pública sobre o caso certamente terá impactos políticos consideráveis, podendo alterar profundamente o cenário eleitoral para a prefeitura do Rio de Janeiro. Medidas judiciais futuras também são esperadas e o desenrolar desta situação será de alto interesse para a nação.

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