A decisão para autorizar as buscas na segunda-feira foi feita pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, com o objetivo de avançar no núcleo político, identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito da Abin. A ação desta segunda-feira é mais um capítulo das investigações envolvendo a família Bolsonaro, que nos últimos anos esteve no centro de apurações, como a prática de “rachadinha” e a articulação de milícias digitais.
A autorização para as buscas teve como base uma mensagem de 2020 em que uma assessora de Carlos pede, por meio de uma auxiliar de Alexandre Ramagem, então chefe da Abin, que levante informações sobre investigações contra o então presidente da República e seus filhos. Ramagem, que é próximo da família Bolsonaro e atualmente é deputado federal, foi o principal alvo da operação anterior, realizada na última quinta-feira.
A PF apreendeu, nos endereços vasculhados, diversos objetos, incluindo computadores, celulares, pendrives, uma caneta espiã e documentos. A ação também resultou na apreensão de um computador do patrimônio da Abin na residência de um militar cedido à agência durante a gestão de Ramagem.
Carlos Bolsonaro, que foi o principal responsável pela estratégia de campanha online na eleição presidencial de 2018, já havia sido incluído em inquérito sobre disseminação de fake news. Segundo as informações, o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus filhos estavam ausentes dos locais de busca da PF, pois haviam saído de lancha para pescar.
A defesa da família Bolsonaro reagiu à operação, considerando a ação como ilegal e excessiva, e buscando a devolução de objetos apreendidos. A investigação da PF sobre a Abin Paralela também envolve suspeitas de uso do software israelense FirstMile para espionar adversários políticos do governo, além do suposto uso da agência para favorecer outros familiares do ex-presidente.