Um exemplo disso é o fato de que os policiais seguem as ordens de seus superiores por acreditarem que sofrerão consequências se não as obedecerem. Da mesma forma, os chefes da polícia acreditam que devem acatar e executar as decisões dos tribunais, pois caso contrário, serão punidos de alguma forma. Em sistemas que funcionam perfeitamente, essas observações parecem estranhas à primeira vista e são pouco relevantes na prática. Eleições e decisões dos poderes estabelecidos se fazem valer e nem passa pela nossa cabeça que poderia ser diferente.
No entanto, há momentos em que essas questões passam a ter relevância, como no caso da suspensão das multas à Odebrecht pelo ministro do STF Dias Toffoli, e das condenações e multas anuladas pela Operação Lava Jato. Isso levanta questionamentos sobre o impacto da opinião pública e o interesse em manter punições. Além disso, a questão envolvendo o Ministro Alexandre de Moraes, o ex-presidente Jair Bolsonaro e reuniões sobre golpe de Estado também levanta discussões sobre o que constitui crime e quem infringiu a lei, assim como a culpa daqueles que sabiam das reuniões e não denunciaram ou agiram ativamente para expor o que acontecia.
Todas essas questões evidenciam como a crença das pessoas na influência das eleições, leis, e decisões do poder sobre o mundo é fundamental para que essas influências de fato se concretizem. A análise dessas situações recentes revela que, paradoxalmente, menos condenações poderiam resultar em mais condenações, apenas porque haveria mais interesse em mantê-las. A crença na legitimidade do poder estabelecido é a chave para entender como as decisões políticas e legais afetam o mundo. Portanto, a crença das pessoas nessas influências é o que as torna reais e eficazes.