Repórter São Paulo – SP – Brasil

Planalto articula estratégias políticas em Minas Gerais para ganhar terreno e tirar proveito do desgaste de Zema, enquanto presidente do Senado cobra presença de Lula no estado.

O Palácio do Planalto e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), estão em busca de ganhar terreno político em Minas Gerais, estado governado por Romeu Zema (Novo). Ambos estão articulando estratégias para tirar proveito do desgaste do adversário político. A ala política do governo e aliados do senador mineiro viram na crise da dívida de Minas com a União a oportunidade de apresentar uma solução para um tema que tem deixado Zema sob pressão.

Durante uma conversa recente, Pacheco cobrou do presidente Lula (PT) uma maior presença no estado, visto que ainda não foi visitado por ele. Após meses de afastamento, Lula se encontrou com Pacheco em duas oportunidades em menos de duas semanas. As conversas coincidiram com uma mudança de maré no Senado, em que a rejeição da indicação do Planalto para a Defensoria Pública da União sinalizou dificuldades para o governo.

Pacheco levou a Lula a insatisfação dos senadores com o protagonismo dado à Câmara e com a falta de atenção à Casa. Segundo interlocutores, o senador disse que os problemas do governo no Senado não se resumem a indicações e emendas, como na Câmara, e que os senadores buscam participar do processo de indicações do Executivo.

Além disso, a questão da dívida de Minas tornou-se uma prioridade nos últimos dias. A articulação em Brasília envolve o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), que junto a Pacheco, têm costurado um plano B junto ao presidente da República para lidar com a crise. O governador corre contra o tempo para apresentar uma proposta ao STF até 20 de dezembro, a fim de pagar a dívida de R$ 160 bilhões com a União.

No âmbito federal, há o diagnóstico de que a situação financeira de Minas pode extrapolar e prejudicar também a esfera federal. O PT avalia que sofreu prejuízos políticos com a debacle financeira em Minas quando o estado era governado por Fernando Pimentel. Políticos de Minas avaliam que a principal ideia estudada por Pacheco e Silveira, de federalizar algumas estatais como forma de pagamento, criaria dificuldades políticas para Zema, que pretende vendê-las.

Em outra frente, a proposta da União pode retirar de Zema valores que o estado deverá receber em ações judiciais, como o da repactuação do acordo feito após o rompimento da barragem em Mariana, em 2015.

Em nota, o Governo de Minas afirmou que as iniciativas discutidas não são capazes de afastar a necessidade do Regime de Recuperação Fiscal no prazo, mas “podem melhorar muito o cenário fiscal futuro”. Também declararam que as ideias “não atrapalham” e “somam no esforço de equalizar a dívida”.

As articulações políticas em Minas Gerais continuarão a ser acompanhadas de perto nos próximos meses, com desdobramentos significativos para o estado e para as relações políticas entre Zema, Pacheco e o presidente Lula. A resolução da crise financeira de Minas se tornou um tema-chave tanto para o governo estadual quanto para a política nacional.

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