Pesquisa mostra aumento no uso de remédios em abortos nos EUA; Suprema Corte discute restrições ao acesso à pílula abortiva

Recentemente, uma pesquisa realizada pelo Instituto Guttmacher, conhecido por defender os direitos das mulheres à interrupção voluntária da gestação, revelou dados alarmantes sobre a prática de abortos nos Estados Unidos. De acordo com o estudo, em 2023, quase dois terços dos abortos realizados no país foram feitos através do uso de remédios, representando um aumento significativo em relação aos anos anteriores.

Os resultados dessa pesquisa foram divulgados esta semana e surgem em um momento crucial, dias antes de uma audiência na Suprema Corte que irá discutir o restabelecimento de restrições de acesso à pílula abortiva. O aumento no número de abortos médicos pode ser explicado pelo maior acesso a esses procedimentos, principalmente por meio do envio de pílulas abortivas pelo correio e da telemedicina.

No entanto, vale ressaltar que as estatísticas apresentadas não levam em consideração os abortos realizados fora do sistema de saúde oficial, nem as pílulas abortivas enviadas para estados onde a prática é proibida. Desde a decisão da Suprema Corte em 2022, que deixou a cargo dos estados a legislação sobre o aborto, cerca de vinte estados têm imposto restrições severas a esse direito, incluindo a proibição do aborto farmacológico.

A decisão de apelação que será discutida na próxima semana visa restabelecer as restrições de acesso à mifepristona, uma das pílulas utilizadas em abortos induzidos nos EUA. Entre as medidas propostas está a redução do limite de semanas de gestação permitido para o procedimento, a proibição do envio de comprimidos pelo correio e a exigência de prescrição médica exclusiva.

Diante desse cenário, a Suprema Corte terá o desafio de decidir se irá seguir as recomendações da FDA, órgão responsável pela regulamentação de medicamentos no país, ou se irá impor novamente barreiras ao acesso à mifepristona. O Instituto Guttmacher ressalta a importância de considerar as evidências científicas que comprovam a segurança e eficácia desse método de interrupção da gestação. A discussão sobre o direito ao aborto nos Estados Unidos segue sendo pauta de debates acalorados e decisões judiciais cruciais para o futuro das mulheres no país.

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