Os resultados dessa pesquisa foram divulgados esta semana e surgem em um momento crucial, dias antes de uma audiência na Suprema Corte que irá discutir o restabelecimento de restrições de acesso à pílula abortiva. O aumento no número de abortos médicos pode ser explicado pelo maior acesso a esses procedimentos, principalmente por meio do envio de pílulas abortivas pelo correio e da telemedicina.
No entanto, vale ressaltar que as estatísticas apresentadas não levam em consideração os abortos realizados fora do sistema de saúde oficial, nem as pílulas abortivas enviadas para estados onde a prática é proibida. Desde a decisão da Suprema Corte em 2022, que deixou a cargo dos estados a legislação sobre o aborto, cerca de vinte estados têm imposto restrições severas a esse direito, incluindo a proibição do aborto farmacológico.
A decisão de apelação que será discutida na próxima semana visa restabelecer as restrições de acesso à mifepristona, uma das pílulas utilizadas em abortos induzidos nos EUA. Entre as medidas propostas está a redução do limite de semanas de gestação permitido para o procedimento, a proibição do envio de comprimidos pelo correio e a exigência de prescrição médica exclusiva.
Diante desse cenário, a Suprema Corte terá o desafio de decidir se irá seguir as recomendações da FDA, órgão responsável pela regulamentação de medicamentos no país, ou se irá impor novamente barreiras ao acesso à mifepristona. O Instituto Guttmacher ressalta a importância de considerar as evidências científicas que comprovam a segurança e eficácia desse método de interrupção da gestação. A discussão sobre o direito ao aborto nos Estados Unidos segue sendo pauta de debates acalorados e decisões judiciais cruciais para o futuro das mulheres no país.