Em 2022, foram registradas apenas 20 solicitações de recuperação judicial, enquanto em 2023 esse número saltou para 127, representando um aumento de 535%. No último trimestre do ano, houve um aumento ainda mais expressivo, com 47 pedidos de recuperação judicial em comparação com apenas 4 no mesmo período do ano anterior.
Os principais motivos apontados para esse aumento nos pedidos de recuperação judicial foram a quebra de safra devido à seca, a queda nos preços dos grãos como soja e milho, afetando a rentabilidade do setor. A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) demonstrou preocupação com a situação, alertando que isso poderia comprometer a execução de contratos de grãos e prejudicar as exportações.
O CEO da Cargill Brasil também expressou preocupação com a escalada dos pedidos de recuperação judicial por parte dos agricultores. Segundo a Serasa, os produtores rurais que mais solicitaram recuperação judicial foram aqueles com maiores áreas plantadas de soja, seguidos por produtores de café e áreas de pastagem.
Mato Grosso foi o estado mais afetado, com 43 pedidos de recuperação judicial, seguido por Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Além das questões climáticas, o cenário econômico desfavorável e as altas taxas de juros contribuíram para a instabilidade financeira no setor.
Apesar do aumento nos pedidos de recuperação judicial, a Serasa ressalta que a maioria do agronegócio brasileiro tem conseguido superar os desafios e manter sua produtividade sem comprometer sua reputação no mercado de crédito. No entanto, a necessidade de estímulos para regularizar compromissos financeiros é cada vez mais urgente diante do atual contexto econômico e climático adverso.