Operação da PF desvenda núcleo de inteligência paralelo de Bolsonaro e revela planos de golpe de estado.

Em um embate entre autoridades e agentes de segurança, o questionamento sobre o paradeiro da professora foi recebido com respostas evasivas por parte de alguns suspeitos de estarem envolvidos em um núcleo de inteligência paralelo. Especificamente, Mauro Cid voltou a questionar Marcelo Câmara nos dias 21 e 24 de dezembro, indagando sobre o paradeiro da professora. A resposta de Câmara foi que ela estaria em São Paulo, retornando no dia 31 à noite para sua posse. Diante disso, Cid quis saber se a pessoa estava na capital ou no interior, e a resposta de Câmara foi que ela estava na residência em SP, mas ele desconhece a localização exata.

No entanto, uma pesquisa rápida nos buscadores da internet poderia ter resolvido a dúvida dos militares, já que o endereço residencial da professora já foi informado em diversas reportagens, detalhando desde o valor do imóvel até sua rotina de frequentar um clube em frente ao apartamento. Além disso, protestos bolsonaristas contra a professora em questão no endereço citado levaram à condenação de manifestantes na Justiça por perturbação do sossego alheio.

Além de Cid e Câmara, o “núcleo de inteligência paralelo” identificado pela Polícia Federal era composto pelo general da reserva Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional do governo Bolsonaro. Na megaoperação realizada nesta quinta-feira, Câmara foi preso e Heleno foi alvo de buscas e apreensões.

Para os investigadores, Câmara era o responsável por um núcleo de inteligência não oficial do presidente da República, atuando na coleta de informações sensíveis e estratégicas para a tomada de decisão de Bolsonaro no que seria a consumação de um golpe de Estado.

Os investigadores constataram que “professora” era uma referência ao ministro Alexandre de Moraes, uma vez que os deslocamentos entre Brasília e São Paulo de Moraes coincidiram com os da pessoa monitorada. Além de ser ministro do Supremo e presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Moraes também dá aulas de direito na USP.

A Polícia Federal afirmou que, considerando que a minuta do decreto que declarava o golpe de Estado previa a prisão do ministro Alexandre de Moraes, o acompanhamento e monitoramento da autoridade, inclusive durante o Natal, demonstra que o grupo criminoso tinha intenções reais de consumar a subversão do regime democrático, procedendo a eventual captura e detenção do Chefe do Poder Judiciário Eleitoral. A série de acontecimentos revela a complexidade das relações entre as esferas de poder e a gravidade das acusações enfrentadas por aqueles envolvidos no suposto núcleo de inteligência paralelo. A investigação continua para apurar os desdobramentos e possíveis conexões mais amplas que possam existir.

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