Juscelino é o primeiro ministro do governo Lula a estar envolvido em suspeitas de corrupção. Segundo a Polícia Federal, o político direcionou verbas de emendas para o município administrado por sua irmã, alertou empresários amigos sobre manipulações de licitações e recebeu pagamentos em uma empresa de fachada. No entanto, Juscelino nega qualquer irregularidade.
Dois elementos podem ser considerados como um alívio para Lula nessa situação. O primeiro é o fato de que a Polícia Federal teve liberdade para investigar transações sem a necessidade de proteger um membro do alto escalão do governo. O segundo é a concentração de pagamentos durante o governo de Jair Bolsonaro, evidenciando o mercado de emendas que se fortaleceu nesse período.
No entanto, esses mesmos fatores também causam preocupação. Quando Lula assumiu a presidência, sua interferência na atuação da Polícia Federal irritou o centrão, principalmente quando o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, foi alvo de uma investigação sobre a compra de kits de robótica. Além disso, o mercado de emendas no Congresso Nacional continua ativo, com os mesmos atores políticos exercendo controle sobre órgãos federais que lidam com o dinheiro, como a Codevasf.
No início de seu governo, Lula manteve Juscelino no cargo como uma maneira de evitar uma crise com os aliados do centrão. No entanto, o esquema de compartilhamento de poder com esses grupos políticos torna difícil que o caso do ministro seja tratado como um incidente isolado. A reforma governamental para acomodar o PP e o Republicanos aprofunda esse risco.
A aversão do ex-presidente à “lavajatismo” o obriga a resistir às pressões causadas por suspeitas de corrupção. Lula terá que mostrar em que ponto essas suspeitas se tornam concretas o suficiente para justificar a demissão de um ministro. Se sua principal preocupação for a estabilidade política, o petista poderá acabar concedendo um salvo-conduto para desvios dentro de seu governo.
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