A rotina de Flávio longe de casa incluiu datas importantes como o Natal, Ano-Novo, Dia das Mães, entre outros. Sua mãe, Thais, tem se desdobrado entre a ausência do filho e a criação da filha de 2 anos. A internação de Flávio impactou profundamente a vida de Thais, que encontrou em outras mães na mesma situação o apoio e a assistência que faltavam.
Diante da falta de informação e suporte, Thais decidiu coordenar um grupo de mais de cem mães da Fundação Casa para troca de orientações jurídicas, apoio psicológico e até mesmo ajuda financeira. Sua atuação foi fundamental para estabelecer um canal de diálogo direto com a presidente da instituição, Claudia Carletto.
A história de Flávio não é única. No Brasil, milhares de adolescentes cumprem medidas socioeducativas, sendo que muitos deles têm apenas a figura materna como representante na família. A redução do número de internações nas instituições socioeducativas nos últimos anos tem sido um desafio, sem uma causa definitiva identificada. A pandemia de Covid-19 também impactou essa realidade, juntamente com decisões judiciais e políticas.
Enquanto Flávio permanece na Fundação Casa, Thais se prepara para a sua volta. Com a esperança de proporcionar ao filho novas perspectivas de futuro, ela sonha em oferecer cursos profissionalizantes para os jovens que saem da instituição. A presidente Claudia Carletto destaca a importância da reintegração social dos adolescentes, visando reduzir a taxa de reincidência e evitar que eles entrem no sistema prisional.
O tempo de permanência de um adolescente em uma instituição socioeducativa é variável, mas não pode ultrapassar três anos. Enquanto espera pela liberação do filho, Thais já preparou seu quarto e até comprou uma moto para realizar o sonho de Flávio. O apoio e a dedicação de Thais exemplificam o amor e a esperança das mães que enfrentam desafios diante da realidade das medidas socioeducativas no Brasil.