Repórter São Paulo – SP – Brasil

O STF prestou homenagem à Mãe Bernadete, falecida há uma semana, em comovente cerimônia.

Na abertura da sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (23), foi realizado um momento de silêncio em homenagem à líder quilombola Bernadete Pacífico, conhecida como Mãe Bernadete. Aos 72 anos, ela foi assassinada a tiros na Bahia há uma semana.

A ministra Rosa Weber, presidente do STF, ressaltou a importância do acontecimento, destacando que o episódio evidencia o longo caminho que a sociedade ainda precisa percorrer em busca do avanço civilizatório e da efetivação dos direitos fundamentais garantidos pela Constituição.

Bernadete Pacífico foi morta por dois homens utilizando capacetes de motociclistas. Ela era uma das lideranças do quilombo Pitanga dos Palmares, localizado em Simões Filho, na Bahia.

Rosa Weber já havia cobrado a apuração do caso anteriormente, poucos dias após o assassinato, e voltou a fazer cobranças para que as autoridades locais adotem medidas urgentes a fim de esclarecer e reparar o ocorrido, além de responsabilizar os culpados. A magistrada ressaltou ainda a necessidade de proteção imediata aos familiares da líder quilombola e a outros líderes locais.

É relevante destacar que a presidente do STF havia visitado Mãe Bernadete em julho, quando esteve no quilombo Quingoma, em Salvador. Na ocasião, ela conversou com o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, e solicitou um cuidado especial com os povos quilombolas.

Rosa Weber também criou um grupo de trabalho, em julho, como presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), para elaborar estudos e propostas que visam melhorar a atuação do Poder Judiciário em relação às questões de posse, propriedade e titulação dos territórios onde vivem as comunidades quilombolas.

Após o assassinato, o CNJ decidiu antecipar a reunião desse grupo, mesmo sem a indicação de todos os representantes de órgãos públicos e organizações que ainda estão dentro do prazo para fazê-lo.

Dois juízes do CNJ se deslocaram para a Bahia após o crime com o objetivo de acompanhar as investigações, a reparação e a proteção dos familiares da vítima e dos membros das comunidades quilombolas.

Outra integrante do STF, ministra Cármen Lúcia, também se manifestou sobre o assassinato de Mãe Bernadete, classificando-o como uma chaga em meio a tantas desumanidades. Em suas palavras, ela ressaltou que o Brasil tem uma história que apaga as mulheres guerreiras.

No mesmo dia, um grupo de deputados federais realizou um cortejo na Câmara dos Deputados, em Brasília, em homenagem à líder quilombola assassinada.

A morte de Bernadete Pacífico é mais um triste episódio que evidencia a violência enfrentada pelas comunidades quilombolas. É fundamental que as investigações sejam conduzidas com agilidade e eficiência para que os responsáveis sejam responsabilizados e para que medidas de proteção sejam adotadas para garantir a segurança das lideranças e das famílias dessas comunidades.

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