O caso de Matheus Henrique Morelatto, um dos 39 pacientes do SCP Boracea, ilustra a importância desse novo método de tratamento. Matheus, que foi adotado aos quatro anos e teve um histórico de uso de drogas desde a adolescência, encontrou no convívio com o cão terapeuta uma nova forma de lidar com seus traumas e dificuldades.
O SCP Boracea, inaugurado há um ano, introduziu a presença de Paçoca há três meses, por sugestão de Katia Camargo, assistente administrativa de planejamento da Afne, que percebeu os benefícios do convívio entre o animal e os pacientes. A interação com Paçoca promove momentos de afeto, carinho e descontração, contribuindo para o processo de recuperação dos dependentes químicos.
A psiquiatra Aglaé Sousa, uma das coordenadoras do espaço, destaca que a presença de animais em tratamentos terapêuticos ainda é uma prática incipiente no Brasil, mas que tem se mostrado eficaz no alívio de ansiedade, estresse e agressividade, além de contribuir para a melhora do humor e da empatia dos pacientes.
Além do convívio com Paçoca, o tratamento no SCP Boracea inclui meditação, terapia ocupacional, oficinas de arte, educação física, palestras educacionais e outras atividades que visam o desenvolvimento pessoal e a reinserção social dos pacientes. O serviço também está integrado ao Programa Operação Trabalho, da Prefeitura de São Paulo, que oferece apoio a trabalhadores desempregados.
Desde a sua inauguração, o SCP Boracea já atendeu 176 pacientes, sendo que 39 deles estão em acolhimento integral no momento. A unidade também conta com atendimentos por telemedicina e possui uma segunda unidade na Vila Pirituba, na zona norte de São Paulo.
O relato de Matheus e a experiência do SCP Boracea evidenciam a importância de abordagens inovadoras e multidisciplinares no tratamento de dependentes químicos. A presença de Paçoca como cão terapeuta tem se mostrado uma ferramenta valiosa na jornada de recuperação desses pacientes, fornecendo cuidado, afeto e um novo sentido de esperança em suas vidas.
