O poder do Centrão na política brasileira: uma análise crítica sobre o histórico e a forte influência no jogo político atual.

O Centrão é um dos elementos mais relevantes da política brasileira nas últimas décadas. Formado por um grupo de parlamentares com viés de direita, o Centrão surgiu no fim do primeiro ano da Assembleia Nacional Constituinte de 1987-1988. Sua criação garantiu ao então presidente José Sarney a manutenção do sistema presidencialista e seu mandato de cinco anos.

Caracterizado por oferecer apoio parlamentar em troca de indicações para cargos no Executivo e controle de verbas orçamentárias, o antigo Centrão foi dissolvido com o fim do governo Sarney. No entanto, um grupo político semelhante, atuando nas mesmas bases, foi criado e ganhou destaque durante o governo Lula, alcançando seu ápice de influência política.

A força do Centrão foi evidenciada com a aprovação de um valor recorde de emendas parlamentares para 2024. Esse bloco cada vez mais se apropria do orçamento, controlando recursos e estabelecendo um calendário para a liberação dos fundos, reduzindo consideravelmente o poder de barganha presidencial.

Por sua vez, o presidente vetou o calendário de liberação das emendas parlamentares, afetando a previsibilidade e transparência da execução do orçamento. A reação do relator da LDO, Danilo Forte, sinaliza a intenção de derrubar o veto. A derrubada é vista como algo iminente para muitos analistas políticos, devido à predominância do Centrão no Congresso Nacional.

O Centrão é conhecido por ser um bloco suprapartidário que mantém-se no governo independentemente do partido político do presidente. Ele atua em troca de cargos, verbas e favores, mantendo a governabilidade em troca de vantagens que possam ser convertidas em recursos financeiros e votos eleitorais. Apesar do sistema formalmente presidencialista, o Centrão exerce considerável influência no governo, controlando cortes e alocações de recursos no orçamento da União, além de emendas parlamentares, postos de ministros e cargos estratégicos.

Recentemente, o Centrão votou com a oposição para aprovar uma emenda inusitada ao projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias. A emenda, proposta pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), proíbe a destinação de recursos para ações relacionadas a invasões de terras, cirurgias em crianças para mudança de sexo e abortos não previstos em lei, revelando a força política do Centrão.

A votação da emenda evidenciou que a soma de votos do Centrão e da oposição deixa o governo em posição delicada, sem os votos necessários para evitar um processo de impeachment. Além disso, o presidente Lula poderá enfrentar dificuldades na hora de se livrar das amarras impostas pelo Centrão.

Essa influência do Centrão evidencia um déficit de educação política da maioria dos eleitores brasileiros, que sufragaram o fisiologismo e clientelismo dos membros desse grupo.

Portanto, o Centrão é um ator político relevante na atual conjuntura do Brasil, exercendo influência considerável sobre o governo e suas decisões.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo