O legado de 73 anos do Clube de Cultura: arte, reflexão política e resistência em Porto Alegre

Em maio de 1950, cerca de 30 jovens judeus, intelectuais progressistas, reuniram-se para tornar realidade um sonho: um espaço que pudesse acolhê-los e proporcionar o desenvolvimento da arte, cultura e do progressismo. O resultado desse encontro foi a criação do Clube da Cultura, que inicialmente contava com uma pequena biblioteca cedida por uma sinagoga em Porto Alegre.

Porém, ao longo do tempo, o espaço onde o clube estava localizado foi ficando hostilizado, e os jovens acabaram sendo excluídos do local. Foi então que eles decidiram se inspirar em experiências de instituições similares na Europa Central, criadas por descendentes de judeus, intelectuais que não encontravam nas sinagogas o local de sociabilidade dos guetos. Dessa maneira, o Clube da Cultura foi pensado e inaugurado por judeus progressistas e, até os anos 60, era frequentado apenas por essa comunidade.

No entanto, em uma assembleia de sócios, foi decidido que o clube seria aberto também aos não judeus, mantendo, no entanto, sua essência fundadora. Passados 73 anos desde a sua criação, o espaço continua sendo um ponto de referência progressista, produzindo e promovendo arte e reflexão política, seguindo as diretrizes orientadoras de suas ações.

Durante os períodos ditatoriais do país, o clube resistiu com a ajuda de seus militantes e da comunidade cultural e política da cidade. Nos dias atuais, o clube continua sendo um espaço de resistência, seja na defesa da cultura, seja no enfrentamento ao retorno do discurso autoritário.

Nesta quarta-feira, um livro de Altman será lançado no clube, o que a gestora cultural do espaço considera como um evento significativo, já que o clube é reconhecido como um espaço de reflexão política e de defesa de valores humanistas desde a sua fundação. Com isso, o Clube da Cultura segue firme em seu propósito inicial, mantendo-se como um espaço dedicado à arte, cultura, progressismo e reflexão política.

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