Historicamente, a esquerda nunca teve uma presença dominante na periferia de São Paulo, com exceção de determinados momentos. Isso pode ser explicado pela ascensão e queda de figuras políticas como Paulo Maluf, que, mesmo sem ter uma ideologia de esquerda, conseguiu conquistar apoio em regiões periféricas da cidade. O fenômeno do malufismo se assemelha, de certa forma, à situação atual de Edson Marçal, candidato que se destaca em bairros como Parelheiros.
Além disso, outro fator que contribui para a dificuldade de Boulos em atrair novos eleitores é a influência das igrejas evangélicas nessas regiões. Muitas dessas instituições funcionam como mediadoras de discursos alinhados ao campo progressista, o que pode gerar resistência por parte de alguns eleitores. A linguagem neutra, por exemplo, pode ser interpretada como uma ameaça, levando as pessoas a buscarem proteção e orientação nas igrejas.
Mesmo frente a esse cenário desafiador, Boulos tem buscado se aproximar de diferentes segmentos da sociedade, como motoristas de Uber e microempreendedores. Suas propostas, como a isenção do rodízio para esses profissionais e a instalação de casas de apoio para motofretistas, demonstram um esforço em dialogar com esses grupos e apresentar soluções para suas demandas.
No entanto, seus adversários também têm conseguido dialogar com esses eleitores, vendendo sonhos e promessas de prosperidade. Marçal, por exemplo, soube cativar eleitores em regiões extremas da cidade, oferecendo utopias e esperanças de enriquecimento fácil.
Diante desse quadro, Boulos enfrenta o desafio de se destacar em um cenário político marcado pela concorrência acirrada e pela diversidade de discursos. Sua trajetória política e suas propostas podem ser diferenciais para conquistar a confiança dos eleitores e ampliar seu apoio na periferia de São Paulo.