Novos golpes de Estado na África são anunciados por militares à moda antiga, em anúcios televisionados.

Na última década, tem se observado uma mudança no modelo clássico de golpes de Estado, que tradicionalmente dependiam da presença de tanques nas ruas e da deposição de presidentes. Atualmente, diversas nações têm testemunhado a corrosão de suas instituições internamente, por meio de brechas aproveitadas por líderes populares que não respeitam as regras da democracia.

O continente africano, por exemplo, tem sido palco de diversos casos nesse sentido. Em 2023, militares rebeldes anunciaram a tomada de poder em anúncios televisionados, consolidando uma tendência dos últimos cinco anos na região, que testemunhou 11 golpes, a maioria ocorrendo na porção conhecida como Sahel. O primeiro exemplo recente aconteceu no Níger, quando o coronel Amadou Abdramane anunciou um golpe, afirmando que seu objetivo era “colocar um ponto final no regime que deteriorou a segurança nacional devido à má gestão”.

De acordo com informações do Partido Nigerino para o Socialismo e Democracia, o ex-presidente do Níger, Mohamed Bazoum, e sua família estão presos na residência presidencial, sem acesso à água corrente e eletricidade, embora a junta militar no poder negue essa condição. A filha de Bazoum relatou ao jornal britânico The Guardian que seu pai estaria perdendo peso rapidamente e enfrentando condições desumanas.

Outro exemplo no continente africano aconteceu no Gabão, onde uma junta militar também anunciou a ruptura institucional após a divulgação dos resultados das eleições gerais. Nesse caso, o movimento retirou do poder uma família que governou o país nos últimos 56 anos. Após a ruptura, o clã Bongo chegou a ser mantido em prisão domiciliar, antes de ser solto.

A insatisfação com os regimes em alguns casos levou a reações populares. Enquanto no Gabão as pessoas dançavam ao som de músicas animadas em resposta ao pedido do ex-presidente para que seus apoiadores “fizessem barulho” contra o golpe, no Níger parte da população comemorou a deposição de um presidente democraticamente eleito. Esses episódios refletem um desprezo geral por instituições políticas em diversas partes do mundo.

A instabilidades política no continente africano tem levantado preocupações sobre a possibilidade de mais golpes e tensões em 2024. Líderes como Umaro Sissoco Embaló, da Guiné-Bissau, têm se envolvido em conflitos internos e dissolução do Parlamento, o que mantém a região em alerta.

Em resumo, a ocorrência de golpes de Estado principalmente em países africanos tem revelado uma tendência de desgaste das instituições e um crescente descontentamento com as democracias estabelecidas, mostrando que crises políticas ainda são uma realidade em muitas regiões do mundo.

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