Novo medicamento para perda de peso recebe aprovação da Anvisa, levantando questionamentos sobre seu potencial de substituir a cirurgia bariátrica.

Um novo medicamento para diabetes tipo 2 está sendo visto como uma alternativa à cirurgia bariátrica para perda de peso. A droga, chamada Mounjaro, recebeu a aprovação da Anvisa e estudos realizados pela Eli Lilly, laboratório responsável pela fórmula, mostraram uma redução média de 26,6% do peso dos participantes durante um ano e sete meses.

Essa marca é superior à de outros medicamentos já disponíveis no mercado. Por exemplo, o Ozempic, autorizado pela agência para diabetes, causou uma redução de peso de 15% em pacientes diabéticos após 16 meses. Já o Wegovy, aprovado para obesidade, mostrou uma perda de 17,4% em dois anos.

O diferencial do Mounjaro está no seu princípio ativo, que combina uma versão sintética do GLP-1 com a imitação da molécula GIP, formando a substância chamada tirzepatida. Essa combinação é ainda mais potente para inibir a vontade de comer e contribuir para a perda de peso.

Especialistas afirmam que é cedo para dizer que as canetas emagrecedoras podem substituir a cirurgia bariátrica, mas são alternativas para aqueles que não são elegíveis ao procedimento cirúrgico. A endocrinologista Denise Iezzi afirma que os medicamentos injetáveis ampliam o leque de alternativas para tratar a obesidade, especialmente para aqueles que não estão aptos psicologicamente para a cirurgia.

No entanto, a substituição da cirurgia pelas drogas pode esbarrar em algumas barreiras. O custo dos medicamentos é alto, com uma unidade de Ozempic podendo custar mais de R$ 1.000 e o Wegovy chegando às farmácias brasileiras custando até R$ 2.450. Além disso, a necessidade de uso contínuo dos medicamentos também pode ser uma barreira, já que a obesidade é uma doença crônica e o organismo pode estimular o reganho de peso após o uso das substâncias.

A cirurgia bariátrica tem um mecanismo inibidor do apetite que passa a fazer parte do organismo, o que pode causar um menor reganho de peso. Além disso, o procedimento atua em nível hormonal, com hormônios produzidos no estômago e no intestino desempenhando um papel relevante na perda de peso.

Existem diferentes formas de realizar a cirurgia bariátrica, sendo as duas mais comuns a gastrectomia vertical e o bypass gástrico. Ambas reduzem o volume do estômago e aceleram a liberação de hormônios da saciedade, como o GLP-1.

De acordo com o médico Álvaro Albano, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, os medicamentos injetáveis podem ser usados como estratégias complementares à cirurgia, especialmente em pacientes com alto grau de obesidade.

Albano também ressalta que ainda está em aberto o potencial dos medicamentos injetáveis na prevenção do câncer, aumento da expectativa de vida e outros benefícios já comprovados em estudos de larga escala da cirurgia bariátrica.

Em suma, as canetas emagrecedoras representam uma nova alternativa para perda de peso, porém, ainda é necessário realizar mais estudos para determinar sua eficácia em comparação com a cirurgia bariátrica. Ambas as opções têm seus prós e contras, e a escolha do tratamento ideal deve ser feita em conjunto com um médico especialista.

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