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Nova operação de emergência ambiental é realizada pelo ICMBio diante da mortandade de botos vermelhos e tucuxis na Amazônia

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) está enfrentando uma emergência ambiental na região amazônica devido a uma nova onda de mortes de botos vermelhos e tucuxis, espécies de golfinhos de água doce. O órgão do governo federal identificou 70 óbitos desses animais em um período inferior a um mês na região do lago Coari, em Coari (AM), em decorrência da seca extrema e histórica na região, com chuvas esparsas, atrasadas, irregulares e em menor volume, rios com baixas nunca vistas e temperaturas elevadas.

Esta não é a primeira ocorrência de mortes massivas de botos na região. Em Tefé (AM), 154 botos e tucuxis morreram no lago Tefé entre setembro e outubro, o que levou a uma operação de emergência ambiental por parte do ICMBio, em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. A situação é semelhante em Coari, onde também foi detectado um grande número de óbitos.

Segundo pesquisadores e servidores envolvidos nas ações, a dinâmica das mortes dos golfinhos é semelhante nos lagos nas duas cidades. A hipótese mais provável para os óbitos é o superaquecimento da água, apesar de não se descartar a influência de algas tóxicas presentes no local. A situação é ainda mais alarmante devido à identificação de uma maior concentração dessas algas associadas à radiação solar.

Pesquisadores do Instituto Mamirauá e da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) estão realizando análises para compreender a possível relação entre a presença dessas algas e a morte dos mamíferos aquáticos, além de investigar se a situação tem sido repetida em outros lagos da região.

Além dos impactos nas populações de botos e tucuxis, a seca extrema também tem afetado os níveis dos rios na região da Amazônia, com recordes de baixa registrados nos últimos meses. O fenômeno é causado por uma conjunção de fatores, incluindo o El Niño, aquecimento do Atlântico Tropical Norte, degradação e desmatamento da floresta e mudanças climáticas.

A situação preocupa os pesquisadores, que destacam que nunca houve algo parecido, além de relatar a observação de parte dos animais com o estômago vazio, apesar da abundância de peixes na região. Esses fatores indicam a urgência de ações para mitigar os impactos da seca e garantir a preservação da biodiversidade na região amazônica.

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