Esta não é a primeira ocorrência de mortes massivas de botos na região. Em Tefé (AM), 154 botos e tucuxis morreram no lago Tefé entre setembro e outubro, o que levou a uma operação de emergência ambiental por parte do ICMBio, em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. A situação é semelhante em Coari, onde também foi detectado um grande número de óbitos.
Segundo pesquisadores e servidores envolvidos nas ações, a dinâmica das mortes dos golfinhos é semelhante nos lagos nas duas cidades. A hipótese mais provável para os óbitos é o superaquecimento da água, apesar de não se descartar a influência de algas tóxicas presentes no local. A situação é ainda mais alarmante devido à identificação de uma maior concentração dessas algas associadas à radiação solar.
Pesquisadores do Instituto Mamirauá e da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) estão realizando análises para compreender a possível relação entre a presença dessas algas e a morte dos mamíferos aquáticos, além de investigar se a situação tem sido repetida em outros lagos da região.
Além dos impactos nas populações de botos e tucuxis, a seca extrema também tem afetado os níveis dos rios na região da Amazônia, com recordes de baixa registrados nos últimos meses. O fenômeno é causado por uma conjunção de fatores, incluindo o El Niño, aquecimento do Atlântico Tropical Norte, degradação e desmatamento da floresta e mudanças climáticas.
A situação preocupa os pesquisadores, que destacam que nunca houve algo parecido, além de relatar a observação de parte dos animais com o estômago vazio, apesar da abundância de peixes na região. Esses fatores indicam a urgência de ações para mitigar os impactos da seca e garantir a preservação da biodiversidade na região amazônica.