No entanto, no século XVIII, surgiu uma abordagem revolucionária: a dúvida. Pensadores como David Hume e Adam Smith, pioneiros do iluminismo escocês, questionaram a eficácia de impor um dogma único e sugeriram que a paz poderia ser alcançada se as pessoas diminuíssem o fervor de suas crenças e evitassem impô-las aos outros. A Escócia, um bastião do pensamento iluminado, parecia caminhar em direção a um futuro mais pacífico e tolerante.
No entanto, o cenário atual na Escócia levanta preocupações em relação à liberdade de expressão e ao surgimento de possíveis abusos de poder. Uma nova lei destinada a combater o discurso de ódio, embora bem-intencionada, levanta questões sobre até que ponto o Estado deve intervir na vida privada dos cidadãos. A legislação permite que a polícia investigue e aja com base em denúncias de discurso considerado odioso, mesmo que seja em uma conversa privada entre indivíduos.
Essa abordagem, embora visando proteger grupos marginalizados, levanta questões sobre os limites da liberdade de expressão e o potencial para a criação de uma sociedade de vigilância. A implementação de um sistema de denúncia anônima e a ampla definição de discurso odioso podem dar margem a abusos e injustiças. Além disso, a lei parece favorecer certos grupos em detrimento de outros, o que poderia levar a um clima de divisão e desconfiança na sociedade.
Em última análise, a história nos mostra que a liberdade de expressão é um direito fundamental que deve ser protegido, mesmo que isso signifique permitir a existência de pontos de vista controversos e desconfortáveis. Os pensadores do iluminismo escocês nos ensinaram a importância de uma arena neutra onde diferentes ideias e opiniões possam coexistir pacificamente, sem a imposição de dogmas ou restrições arbitrárias. Resta saber se a Escócia e outras sociedades modernas serão capazes de manter esse ideal de liberdade de expressão em meio às crescentes demandas por censura e controle.