Esse caso não é um incidente isolado. De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE) e do IBGE, mais de 40% dos estudantes adolescentes brasileiros são vítimas de bullying no ambiente escolar. O bullying é categorizado como uma forma de intimidação sistemática, envolvendo violência física ou psicológica, de forma repetitiva e intencional, sem motivação evidente. Já o cyberbullying é a mesma conduta realizada em ambiente virtual, como redes sociais e aplicativos, com consequências mais graves.
Um dos casos mais recentes que chocou a população foi o de Carlos Gomes, um estudante autista que foi vítima de agressões nas escolas. As agressões foram registradas pelos celulares dos colegas, que, ao invés de intervirem para salvar a vida do menino, preferiram registrar a brutalidade.
É importante destacar que o problema do bullying vai além dos casos isolados e demanda uma análise mais aprofundada do papel da sociedade, incluindo as mídias, escolas, educadores e famílias. A renomada pesquisadora Marcella Abboud ressalta que o bullying é reflexo de uma sociedade misógina, fascista e racista, onde o adolescente identifica na diferença um motivo para a agressão.
A responsabilidade da mídia nesse contexto é relevante, pois a forma como a violência sistemática é retratada pode influenciar na perpetuação desse comportamento. As redes sociais, por exemplo, podem agravar o problema ao distorcer a percepção da realidade e normalizar a violência.
Diante desse cenário alarmante, é fundamental adotar medidas de combate ao bullying, desde a sensibilização das escolas e comunidades até o empoderamento das famílias para buscar ajuda. No entanto, é crucial também enfrentar as raízes mais profundas desse problema na sociedade, que reforça a ideia de que o mais forte sempre vence.
Em suma, a luta contra o bullying requer uma mudança estrutural na forma como nossa sociedade enxerga a violência e na maneira como a mídia aborda esse tema. É preciso agir de forma coletiva e engajada para promover uma cultura de respeito, inclusão e aceitação das diferenças, visando a construção de um ambiente escolar e social mais seguro e saudável para todos os indivíduos.