Quando se pensa em países produtores ou exportadores de petróleo, é comum que venham à mente nações do Golfo Pérsico, Venezuela, Irã e Iraque, associados a regimes absolutistas, conflitos sociais e insustentabilidade ecológica. No entanto, a Noruega se destaca como um dos maiores produtores e exportadores de petróleo e gás do mundo.
A gigante norueguesa na indústria de energia, a Equinor, está presente em mais de 30 países, incluindo o Brasil, e registrou um aumento de 1,5% na produção de petróleo e gás em 2023. Além disso, a empresa realizou descobertas significativas de novas reservas de petróleo e gás no Mar do Norte e iniciará a perfuração de poços exploratórios em águas profundas no offshore argentino.
Por outro lado, a Noruega também se tornou o primeiro país a aprovar a polêmica prática de exploração mineira no fundo do mar, promovendo preocupações entre cientistas sobre o impacto devastador na vida marinha. Apesar disso, a Noruega é reconhecida internacionalmente por seus índices de sustentabilidade, liderança global e metas ambiciosas de descarbonização, com o maior índice de utilização de carros elétricos.
Além disso, o fundo soberano da Noruega, de US$ 1,5 trilhão, é considerado o maior do mundo e investe em milhares de empresas em todo o mundo, incluindo no Brasil. O país é liderado por políticos que exercem influência em organizações globais, como o Fórum Econômico Mundial e a OTAN.
A posição da Noruega como uma potência petrolífera e ambiental é defendida pelo primeiro-ministro, que enfatiza a transição energética como uma jornada que deve ser estimulada pelo lado da demanda, investindo em renováveis enquanto mantém investimentos em petróleo.
Enquanto a Noruega tem uma visão equilibrada sobre a transição energética, o Brasil enfrenta uma falta de consistência em sua mensagem interna e externa. Os investimentos em bioenergia recebem menos atenção do que os esforços da Petrobras para explorar petróleo na bacia amazônica.
No cenário internacional, o Brasil se apresenta como uma potência global ecológica, apesar de ser um grande produtor mundial de petróleo, o que cria incoerências na sua postura ambiental. A expectativa é que a participação do presidente da Petrobras e de Marina Silva no Fórum Econômico Mundial de 2024, em Davos, contribua para afinar a mensagem do Brasil em relação à sua postura sustentável e ambiental.