Ribeiro destacou a dificuldade em fazer com que políticos como Flavio Dino, do PT, defendam a legalização das drogas, apesar de serem pessoas respeitadas e ministros de destaque. Ele apontou que a guerra contra as drogas cria uma lógica de categorização de pessoas “matáveis” por supostamente serem traficantes, citando inclusive o presidente Lula reforçando essa lógica ao reagir ao assassinato de um adolescente por policiais no Rio de Janeiro. Ribeiro ressaltou que a ação policial tem se tornado mais violenta, possivelmente como uma “vingança” da Polícia Militar pela escolha de Lula como presidente.
O antropólogo Luiz Eduardo Soares concordou com Ribeiro, afirmando que os proibicionistas têm o dever público de justificar a dinâmica perversa que alimenta prisões superlotadas por pessoas principalmente negras estigmatizadas como traficantes. Ele também destacou que o governo atual não está avançando no aspecto das drogas, em meio a chantagens e pressões de grupos conservadores.
Ribeiro, emocionado, compartilhou a história de seu irmão, um usuário de drogas estigmatizado pela família. No entanto, a mesa terminou com uma nota mais leve, quando uma mulher da plateia provocou risadas ao mencionar que faltava falar sobre como a maconha é gostosa e impacta a sociabilidade.
O neurocientista também citou uma pesquisa Datafolha que mostrou que a maioria dos brasileiros é a favor da legalização da maconha para fins medicinais, mas contra a liberação para uso geral e recreativo. Ele provocou reflexão ao questionar se o uso recreativo também não pode ser terapêutico.
Com debates e mesas programadas para seguir, a Festa Literária Internacional de Paraty promete continuar provocando reflexões e discussões sobre temas relevantes.