Nestlé adquire marca de chocolates Kopenhagen em negócio que também inclui a Brasil Cacau

A Nestlé anunciou, nesta quinta-feira (7), a aquisição da marca de chocolates Kopenhagen, juntamente com a Brasil Cacau. A marca brasileira Kopenhagen, que era controlada pela gestora americana Advent International desde 2020, será agora parte do grupo Nestlé. A conclusão do negócio está prevista para ocorrer até 2024.

A negociação entre as duas empresas havia sido noticiada pela Folha na quarta-feira (6) e resultou na assinatura do contrato para a aquisição. Este negócio ocorre cerca de três meses após a aprovação, pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), da compra da Garoto pela Nestlé. Vale destacar que essa aquisição, que foi anunciada em 2002, foi veto em 2004 pelo Cade devido ao fato de as empresas juntas terem quase 60% do mercado de chocolates no Brasil.

No entanto, a Nestlé recorreu à Justiça e agora, tanto a Nestlé quanto a Garoto não dominam mais o setor como antes. No acordo que encerrou a briga judicial, foi estabelecido que a Nestlé não poderia adquirir ativos que representassem pelo menos 5% do mercado de chocolates no Brasil por cinco anos.

A aquisição da Kopenhagen pela Nestlé difere do negócio envolvendo a Garoto, de acordo com o advogado Romeu Amaral, especialista em fusões e aquisições. Destaca-se que o que interessa mais ao Cade é o mercado relevante e seu impacto para o consumidor final. Amaral argumenta que, no caso da Kopenhagen, o perfil do consumidor é distinto, o que significa que a Nestlé não estaria eliminando um concorrente direto do mercado.

Além disso, também se destaca que a Nestlé e a Kopenhagen possuem canais de distribuição diferentes. Enquanto a Nestlé vende seus produtos para distribuidoras, que, por sua vez, entregam para estabelecimentos como supermercados, a Kopenhagen possui lojas físicas onde vende seus produtos diretamente aos consumidores.

No entanto, o advogado José Antonio Miguel Neto alerta para a possibilidade de problemas judiciais caso a Nestlé passe a comercializar seus produtos nas lojas físicas da Kopenhagen, ou se a Kopenhagen começar a vender em supermercados. Isso poderia levar o Cade a impor restrições à aquisição.

Recentemente, a Nestlé anunciou um investimento de R$ 2,7 bilhões no Brasil até 2026, com o objetivo de expandir suas fábricas de chocolates e biscoitos no país. A Nestlé Brasil, fundada em 1921, conta com 30 mil funcionários e tem como principais concorrentes Lacta, Arcor, Hershey e Mondelez.

Com a aquisição da Kopenhagen, a Nestlé fortalece sua presença no mercado de chocolates brasileiro, que tem apresentado crescimento significativo nos últimos anos. A Kopenhagen possui mais de 800 lojas no Brasil e emprega 2.000 funcionários. Agora, resta aguardar a finalização do negócio e verificar como essa aquisição afetará o mercado e os consumidores brasileiros.

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