Neste ano, quando o Chile comemora o 50º aniversário do golpe militar, é preocupante ver a ascensão da ultradireita no país.

No aniversário de 40 anos do golpe de Estado no Chile, a senadora Isabel Allende, filha do ex-presidente Salvador Allende, fez críticas ao atual líder do país, Gabriel Boric. Em uma entrevista à CNN, ela afirmou que Piñera, presidente na época do aniversário, deu uma mensagem mais clara de reforço à democracia e rejeição à ditadura militar do que Boric tem conseguido.

Segundo Isabel Allende, Boric está sendo pressionado pela oposição a fazer uma revisão crítica do governo de seu próprio partido, a Unidade Popular, o que prejudica sua capacidade de se posicionar contra a ditadura militar.

A proximidade dos 50 anos do golpe de Estado tem aumentado a polarização no Chile. Boric enfrenta problemas em diversas frentes, como a dificuldade em aprovar reformas no Congresso e a tentativa de reescrever a Constituição. Além disso, há conflitos com os mapuche, grupo indígena, e um aumento do fluxo de imigrantes da Venezuela.

O cinquentenário do golpe militar ocorre em um momento em que a direita e a ultradireita têm grande influência no país. Boric tem buscado reforçar a democracia e rejeitar as violações de direitos humanos cometidas durante a ditadura, mas tem enfrentado obstáculos, inclusive de seu próprio partido.

Uma das polêmicas envolvendo as comemorações do aniversário do golpe de Estado foi a pressão do Partido Comunista para que o presidente retirasse a nomeação do jornalista Patrício Fernández, de centro-esquerda, do comando das atividades. O partido considerou Fernández um nome muito brando.

Diante das pressões, Boric decidiu entregar as celebrações a distintos ministérios e espera que o evento seja simbolicamente grandioso, com diversas atividades planejadas.

No entanto, a crise política no país tem limitado a atuação de Boric. Com a ultradireitista José Antonio Kast dominando a Assembleia Constituinte e a direita em geral tendo maioria no Congresso, o presidente busca evitar atritos com o setor.

Boric havia pedido que todas as forças políticas assinassem uma declaração conjunta em prol da democracia, mas nem o Partido Comunista nem a direita aceitaram. Nos últimos meses, congressistas de direita têm relativizado as crueldades cometidas durante a ditadura militar.

Infelizmente, a turbulenta política atual tem dificultado separar a memória da trágica data do golpe de Estado e seus mais de 3.000 desaparecidos.

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