Mulheres representam 40% dos condutores em São Paulo, mas ainda enfrentam desafios em um ambiente de trânsito masculinizado e hostil

Segundo um levantamento recente do Detran-SP, as mulheres representam 40% dos condutores no estado de São Paulo, um número que vem crescendo ao longo dos anos. A Diretora de Habilitação do Detran, Talita Rodrigues, afirma que é uma tendência cada vez maior para as mulheres serem inseridas no ambiente de trânsito.

De acordo com o levantamento, muitas mulheres decidem aprender a dirigir por necessidade, buscando mais autonomia e economia de tempo ao se locomover com filhos, ir ao trabalho ou ajudar parentes. Natália Veiga, moradora da zona leste de São Paulo, tirou a CNH para ganhar mais tempo e evitar o uso de três ônibus para ir trabalhar, assim como Diana de Oliveira, que sentiu a necessidade de agilizar o dia a dia levando o filho para a escola, médico, entre outros compromissos.

A ideia de que dirigir é uma atividade masculina é reforçada desde a infância, onde os homens são estimulados a lidar com carros por meio de brinquedos, enquanto as mulheres brincam com bonecas e panelinhas. No entanto, essa visão está se transformando à medida que mais mulheres decidem aprender a dirigir e se inserir no trânsito.

Para muitas mulheres, o ambiente de trânsito ainda é considerado hostil e, por isso, a insegurança para encarar o dia a dia no trânsito é algo comum. Diante disso, iniciativas como o Elas no Trânsito e aulas particulares estão surgindo para atender às demandas específicas das alunas.

Segundo Maria Gramosa, fundadora do Elas no Trânsito, as aulas visam proporcionar um ensino mais carinhoso e empático, focado em situações práticas do trânsito, como mudar de faixa, estacionar e desviar de buracos. Muitas mulheres se sentem inseguras ao dirigir com homens, como pai, irmão ou marido, que tentam ensinar algo sem técnica e paciência.

Apesar das mulheres serem consideradas melhores condutoras do que os homens, sofrem preconceito e estigmas como má condutora. No entanto, os dados mostram que as mulheres cometem menos multas e se envolvem em menos acidentes fatais no trânsito do que os homens.

Talita Rodrigues, do Detran, destaca que o homem tem uma interpretação mais agressiva do trânsito, o que está relacionado ao papel que ele desempenha na sociedade. O comportamento dos homens no trânsito, como dirigir sob efeito de álcool, em altas velocidades e sem uso do cinto de segurança, contribui para um maior número de acidentes fatais.

Em suma, as mulheres estão buscando cada vez mais inserção no ambiente de trânsito, enfrentando desafios e preconceitos, mas mostrando-se capazes e conscientes ao volante.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo