Mulheres obesas que emagrecem 30 quilos têm aumento salarial equivalente a obtenção de diploma de mestrado, aponta estudo da The Economist.

Recentemente, durante uma pesquisa para escrever sobre o caso trágico de Henrique Silva Chagas, um jovem de 27 anos que faleceu após um procedimento estético, deparei-me com um dado alarmante. O assunto em questão era o fenômeno do glow up, uma tendência crescente entre os jovens, especialmente as mulheres, em busca do padrão de beleza ideal.

O glow up consiste em submeter-se a procedimentos estéticos, desde cortes de cabelo até cirurgias plásticas, com o objetivo de alcançar uma aparência considerada mais atraente. No entanto, o que me chamou a atenção foi a ligação direta entre perda de peso e avanço profissional para as mulheres, de acordo com uma pesquisa realizada pela renomada publicação britânica The Economist.

Segundo o estudo, mulheres obesas que perdem 30 quilos têm uma probabilidade de aumento salarial equivalente àquelas que obtêm um diploma de mestrado. Essa informação levantou questionamentos sobre a priorização da aparência feminina em detrimento das competências profissionais, evidenciando um viés de discriminação e superficialidade no mercado de trabalho.

Ao refletir sobre essa questão, lembrei-me do livro “O Mito da beleza”, da autora Naomi Wolf, que discute a relação entre a manutenção do patriarcado e a imposição de um padrão inatingível de beleza feminina. A autora argumenta que a busca incessante pela perfeição estética consome tempo e recursos que poderiam ser direcionados para conquistas mais significativas, como a educação e o progresso profissional.

Apesar das críticas ao livro de Wolf, é inegável a relevância do tema abordado, especialmente diante de evidências como as apresentadas pela pesquisa da The Economist. A constante pressão para aprimorar a aparência, desde as editorias femininas até os aumentos salariais relacionados à perda de peso, revela uma cultura que valoriza mais a beleza superficial do que as habilidades e competências das mulheres.

Em meio a essa realidade preocupante, é importante questionar até quando a sociedade continuará valorizando a estética em detrimento do mérito profissional e intelectual das mulheres. A mensagem implicitamente transmitida é clara: aprimore sua aparência, mas não se esqueça de que, no final, o que realmente importa é o quanto você embeleza uma sala de reuniões.

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