Mulheres negras na luta pela libertação: desafios e estratégias para o bem viver em um mundo pós-colonial

A feminista dominicana Ochy Curiel, conhecida por ser a principal teórica do feminismo decolonial, provocou questionamentos importantes durante uma reunião com a comitiva da Coalizão Negra por Direitos em Bogotá, em março de 2022. Em uma reflexão sobre a fragmentação causada pelo sistema colonial e a necessidade de construir um projeto de libertação, Ochy questionou qual seria o sujeito político atual para alcançar o bem viver.

A relevância dessa discussão ganha destaque especialmente nesta semana, marcada pela celebração do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, além do Dia Nacional de Tereza de Benguela. A data foi estabelecida em 1992 durante o 1º Encontro de Mulheres Negras da América-Latina e do Caribe, realizado na República Dominicana, país de origem de Ochy.

Nesse encontro, mulheres negras de 32 países se reuniram para formular estratégias de enfrentamento ao racismo e sexismo, resultando na criação da Rede Afrolatinoamericana, Afrocaribenha e da Diáspora, que teve papel fundamental na participação da sociedade civil em conferências da ONU na década de 1990.

Além disso, a importância da data de 25 de julho como Dia Nacional de Tereza de Benguela reforça o legado de resistência da líder quilombola que lutou contra a escravidão por quase duas décadas. A iniciativa da ex-ministra Luiza Bairros, que instituiu essa data, também ressalta a relevância das mulheres negras na luta por igualdade racial.

Ochy Curiel, antropóloga, professora e cantora, destaca o feminismo decolonial como um posicionamento político e teórico cotidiano, não apenas epistemológico. Para ela, o bem viver se baseia em uma ética de vida que valoriza o coletivo em detrimento das necessidades individuais capitalistas.

A relação de Ochy com figuras importantes do movimento negro, como Luiza Bairros, evidencia a importância do diálogo e do compartilhamento de conhecimento entre diferentes lideranças. A Marcha das Mulheres Negras de São Paulo em 2024 ressalta a necessidade de organização política coletiva para enfrentar desafios como o genocídio negro e alcançar justiça em diversas esferas.

Portanto, as reflexões provocadas por Ochy Curiel e a celebração do Dia da Mulher Negra reforçam a importância do engajamento político e do fortalecimento da luta por igualdade e justiça social. A construção de um projeto de libertação que inclua todas as vozes e experiências é essencial para alcançar o bem viver almejado.

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