A liderança feminina continua a desempenhar um papel essencial nas comunidades quilombolas atuais. Um exemplo disso é o quilombo Muquém, no município de União dos Palmares (AL), que foi fundado por cinco irmãs após a dissolução de Palmares em 1695. A descendente direta de uma das fundadoras, Angela Nunes, relata que, até recentemente, era tabu falar sobre a origem da formação na comunidade. Com o passar do tempo, no entanto, esse tabu vem sendo quebrado, e a importância das mulheres na comunidade quilombola vem sendo reconhecida e valorizada.
Outro exemplo é Maria da Dores, conhecida como Dorinha Cavalcanti, que assumiu a presidência da associação de Muquém em 2010 e lidera a comunidade desde então. Além disso, Angela Nunes, que é professora na região, busca ensinar as crianças sobre a importância da história quilombola, valorizando a cultura e os costumes.
A importância das mulheres também é ressaltada por Dorinha, que destaca o fortalecimento da mulher como fundamental para a organização da comunidade. Ela afirma que a liderança feminina trouxe melhorias no diálogo e na compreensão mútua.
Além disso, as mulheres quilombolas desempenhavam e ainda desempenham papéis fundamentais na agricultura e na religiosidade. Segundo os pesquisadores, mesmo sem documentação concreta sobre a existência de Dandara, tida como guerreira de Palmares e esposa de Zumbi, ela representa e sintetiza o papel de diversas guerreiras quilombolas do período.
Em suma, as mulheres quilombolas continuam a desempenhar papéis de destaque e de liderança nas comunidades remanescentes, mantendo viva a herança de influência e protagonismo que remonta às origens africanas dos quilombos. Este legado de luta e resistência continua a ser celebrado e mantido vivo nos dias de hoje.