Os relatos do caso são arrepiantes. Os suspeitos, na maioria das vezes, não utilizavam preservativos, o que aumentou o risco de transmissão de doenças sexualmente transmissíveis, como HIV, sífilis e hepatite. Por um “extraordinário golpe de sorte”, na fala da especialista médica Anne Martinat Sainte-Beuve durante o julgamento, Gisèle escapou dessas infecções graves.
A investigação identificou, ao menos, 92 estupros ocorridos nesse período. Os crimes se intensificaram a partir de 2013, quando o casal mudou-se para outra cidade. Alguns dos acusados alegaram desconhecer a gravidade do que faziam, argumentando que acreditavam se tratar de um casal “libertino”, versão negada categoricamente por Gisèle em seu depoimento.
A vítima só tomou conhecimento dos abusos em 2020, após a prisão de seu marido por outro crime. As autoridades descobriram em seus dispositivos eletrônicos milhares de imagens e vídeos da vítima inconsciente, sendo abusada por diferentes homens. Gisèle emocionou a todos ao afirmar que não tinha nada do que se envergonhar e que buscava fazer do julgamento um exemplo do uso de medicamentos em crimes desse tipo.
O processo judicial, embora difícil, tem o objetivo de trazer à luz a terrível prática de doping em estupros, e Gisèle demonstra coragem ao não permitir que o caso seja conduzido a portas fechadas. Sua determinação em expor a verdade sobre sua situação, em busca de justiça e prevenção de futuros crimes similares, é inspiradora e merece todo o reconhecimento da sociedade.