Os cientistas há anos alertam para os impactos negativos da queima de combustíveis fósseis e do consequente aquecimento global, o que tem causado eventos climáticos extremos mais frequentes e intensos. No entanto, ainda não está claro em que medida as mudanças climáticas são responsáveis pelos fenômenos mais recentes. É difícil estabelecer uma correlação direta entre o aumento da temperatura global e eventos climáticos isolados, como tempestades.
A pesquisadora do clima Sjoukje Philip, do Real Instituto Meteorológico dos Países Baixos, ressaltou que, apesar de sempre terem existido condições climáticas extremas, a mudança climática pode influenciar a probabilidade e intensidade desses eventos. A equipe internacional da World Weather Attribution (WWA) tem trabalhado para determinar o impacto das mudanças climáticas em eventos meteorológicos globais em tempo real.
As catástrofes meteorológicas são resultado de uma combinação de fatores naturais e de atividades humanas, como o desmatamento e a expansão do concreto em áreas verdes, que contribuem para enchentes mais intensas. A climatóloga alemã Friederike Otto, do Imperial College de Londres, destacou que a mudança climática é um fator humano, mas não o único responsável por eventos extremos. Ela ressaltou a importância de considerar a influência da mudança climática de forma específica para cada tipo de fenômeno.
A relação entre extremos de temperatura e aquecimento global é mais direta, de acordo com os especialistas. Aumento da temperatura global tem contribuído para ondas de calor mais intensas, como os recordes recentes de 40 ºC no Reino Unido e a onda de calor na América do Norte em 2021. As análises da WWA apontam que a mudança climática tem tornado mais prováveis as ondas de calor precoce na Índia e no Paquistão. Esses impactos variam de região para região, conforme destacou Sjoukje Philip, evidenciando a complexidade do cenário climático global.